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Eixo II - Pesquisa e Extensão
COLEÇÕES DE USO CORRENTE E COLEÇÕES RARAS/ESPECIAIS: ONDE
COMEÇA E ONDE TERMINA O ESPAÇO PARA CADA UM NAS PRATELEIRAS
DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA?
ATUAL COLLECTIONS AND RARE/SPECIAL ONES: WHERE DOES IT START AND
WHERE DOES IT FINISHES THE SPACE FOR EACH ONE AT THE UNIVERSITY
LIBRARY SHELVES?
Resumo: A atividade diária em biblioteca universitária especializada em Química e análise de
acervo histórico e especial da área encontrado nesta biblioteca, além do estudo da natureza do
conhecimento científico impulsionaram este texto. Surge a necessidade de entender os
conceitos de biblioteca universitária, biblioteca especializada, memória institucional, noções
relevantes para instituições do tipo da universidade, e de como se comporta o conhecimento
científico para justificar o material acolhido no acervo. Estes conceitos são aclarados em sua
forma, sua dinâmica e sua importância, levando em consideração a relevância e a finalidade
das coleções que precisam ser mantidas dentro do espaço físico da biblioteca universitária.
Com objetivo de assimilar qual a missão da nossa biblioteca dentro da universidade e
justificar manutenção de coleções de natureza distinta, foi realizada revisão bibliográfica não
exaustiva, que procurou abarcar a literatura clássica e mais atual em biblioteconomia dos
conceitos tratados. Deste modo, visa-se solucionar o impasse entre alocar no espaço das
prateleiras da biblioteca universitária dois tipos de material, dois tipos de conhecimento, cada
qual com suas características, com seus valores e finalidades. A biblioteca universitária tem
seu espaço físico confrontado pela disputa de vagas em suas estantes para esses dois tipos de
conhecimento, e busca solução harmônica para acondicionamento de ambos, sem, no entanto,
perder o foco na sua missão: atender seus leitores.
Palavras-chave: Biblioteca universitária. Biblioteca especializada. Memória institucional.
Conhecimento científico.
Abstract: The daily activity in a university library specializing in Chemistry and analysis of
historical and special collection of the area found in this library, besides the study of the
nature of scientific knowledge, have boosted this text. There is a need to understand the
concepts of university libraries, specialized libraries, institutional memory, concepts relevant
to university-type institutions, and how scientific knowledge behaves to justify the material
accepted in the collection. These concepts are clarified in their form, their dynamics and their
importance, taking into account the relevance and the purpose of the collections that need to
be kept within the physical space of the university library. In order to assimilate the mission
of our library within the university and to justify the maintenance of collections of a distinct
�nature, a non - exhaustive bibliographical review was carried out, which sought to cover the
classical and most current literature in librarianship of the concepts treated. In this way, the
aim is to solve the impasse between allocating two types of material in the shelf space of the
university library, two types of knowledge, each with its characteristics, its values and
purposes. The university library has its physical space confronted by the dispute of vacancies
in its shelves for these two types of knowledge, and it looks for harmonic solution for
conditioning of both, without, however, losing the focus in its mission: to attend its readers.
Keywords: University library. Specialized library. Institutional memory. Scientific
knowledge.
1. MOTIVAÇÃO
Duas fortes motivações nos movem a procurar uma solução para o questionamento
proposto no título desse texto. A primeira surge com o próprio trabalho na Biblioteca Jorge
de Abreu Coutinho do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, espaço de atuação profissional dos autores.
A Biblioteca Jorge de Abreu Coutinho é setorialmente subordinada ao Centro de
Ciências Matemáticas e da Natureza
CCMN/UFRJ. Foi fundada em 1969, especializada em
Química, e visava atender ao recém-criado Instituto de Química (1959).
O Instituto de Química - IQ/UFRJ foi concebido para atender aos cursos de pósgraduação stricto-senso. Os primeiros cursos de pós-graduação -em Química - criados no
Brasil são deste período (COSTA, 2012).
pesquisa e no estudo da Química, área com uma grande carência de profissionais qualificados
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Atualmente o IQ/UFRJ, unidade de ensino, pesquisa e extensão da Universidade
Federal do Rio de Janeiro é referência nacional com relação a suas atividades de pósgraduação. Seu corpo discente é atendido pela Biblioteca Jorge de Abreu Coutinho, cujo
acervo bibliográfico contempla as disciplinas que formam os cursos em andamento.
A Química é, de certo, uma área do conhecimento científico, e como tal, seu conteúdo
atualiza de tempos em tempos, como é natural para o desenvolvimento do conhecimento
científico. Este processo leva a que os conteúdos se tornem ultrapassados. Na BIQ
Biblioteca Jorge de Abreu Coutinho temos exemplo de áreas do conhecimento onde a
Texto retirado da página eletônica do IQ/UFRJ. Disponível em: https://www.iq.ufrj.br/historia/. Acesso em
29 jan 2018.
�transformação no conteúdo é lenta ou nenhuma e outras a mudança é constante. Desta forma,
existem itens mais antigos permanecem no acervo, como por exemplo as áreas de Matemática
e Química Inorgânica; e há aquele tipo de disciplina em que o conhecimento se desenvolve e
Bioquímica.
Até o ano de 2012, algumas caixas que com livros antigos de química, contendo o
carimbo da Escola Politécnica da própria UFRJ estavam armazenados na sala de
processamento técnico. Com a formação da equipe atual de bibliotecários surgiu a intenção de
trabalhar esse acervo, agregando-lhe valor merecido uma vez que constituía material
importante para a memória da UFRJ. Após algum tempo, a equipe teve a possibilidade de
identificar e organizar esse acervo, e nesse trabalho descobriram-se livros antigos e dentre
essas algumas raridades. Os itens desse acervo ganharam então espaço específico em uma sala
(onde usualmente havia espaço de estudo para usuários) e que agora tornou-se o local para
essa coleção que chamamos de obras raras.
Ao organizar parcialmente este acervo, recebemos mais material especial (livros e
arquivos de professores que pertenceram ao Instituto de Química). Esse patrimônio de
professores que construíram a história do Instituto veio fazer parte do grupo de itens que já se
encontrava armazenado e parcialmente organizado. O objetivo era organizar todos os itens e
disponibilizá-los aos leitores. No entanto, este processo sofreu contratempos uma vez que
reclamações de alunos apontavam para perda de espaço físico antes disponível para estudar
em silêncio dentro da biblioteca.
Diante deste contratempo, tivemos a necessidade de entender melhor os conceitos que
circunscrevem a biblioteca especializada, biblioteca universitária, a memória institucional e
conhecimento científico, sendo os três últimos noções de alta relevância para a instituição
Universidade.
Esse é um problema generalizado das bibliotecas universitárias. Muitas vezes o espaço
da biblioteca recebe material histórico, doações de profissionais de vulto, muito importantes
para a formação da memória da área do conhecimento e da própria instituição. O dilema
reside em como alocar esses itens que fazem parte da construção desse conhecimento
específico, histórico e de caráter fundamental à preservação de memórias institucionais e ao
mesmo tempo dispor de espaço físico para atender aos alunos, atendimento esse que é a
missão da biblioteca universitária.
A biblioteca universitária não pode dispor do espaço físico estanque de suas prateleiras
para alocar esse material que, embora não atualizado, tem uma enorme relevância. Nas
�estantes é preciso constar material que dê suporte aos cursos em andamento, que seja voltado
para o ensino e a pesquisa de ponta na área do conhecimento ao qual o acervo visa atender.
Além disso, na maioria das vezes, a biblioteca universitária não possui condições
físicas adequadas, (mobiliário específico, condições especiais de acondicionamento e
preservação) além de estrutura financeira para manter este material especial e raro de suma
importância e interesse, nas condições ideais coexistindo com seu acervo de uso corrente.
A biblioteca é um fenômeno social (MIRANDA, 1978), uma organização social
(TARAPANOFF, 1982), que não tem autonomia, pois está ligada a níveis maiores de
administração dentro da universidade e deve se orientar pela comunidade que atende. Desta
maneira, seu gestor deve atuar tanto como planejador quanto como administrador de
interesses e conflitos que possam surgir entre funcionários, alunos, professores e outros.
-se o planejador que não sabe auscultar as forças, tendências, inclinações e demandas
das personalidades em conflito na sua área de atuação e fracassa se não souber articular estas
forças ambientais em favor de seu projeto. (MIRANDA, 1978)
A segunda motivação surge através do estímulo adquirido através do estudo do
conhecimento científico. Investigar mais profundamente este tema impacta na prática do
trabalho na biblioteca universitária, cria uma nova ótica sobre as atividades de tratamento da
informação, o que reflete nos anseios de melhorar os serviços oferecidos para nossa
comunidade acadêmica. Tal experiência reacende os questionamentos em torno do porquê da
necessidade de rever, reorganizar e reclassificar o conhecimento científico. Neste sentido, às
leituras do material produzido pelo autor Kemp sobre a natureza do conhecimento e sobre o
conhecimento social fornecem um caminho. Fundamentados na leitura deste autor, e com o
sentido de atuarmos como planejadores e administradores atentos aos anseios de nossos
consulentes, o objetivo é iniciar uma discussão sobre o papel da biblioteca universitária que
atende ao público especializado.
Através de análise da literatura sobre os conceitos aqui discutidos, argumentamos que
o material especial não atualizado tem alta relevância para a história da universidade e da
ciência no Brasil, e que esse pode e deve ser considerado memória institucional da UFRJ.
2 METODOLOGIA E REVISÃO DE LITERATURA
Para alcançar o objetivo proposto, a metodologia procura discutir os conceitos
The nature of knowledge
�pela biblioteca universitária. A revisão de literatura aqui não se pretende extensa, e para
contemplar os conceitos, buscamos alguns textos clássicos, outros mais atuais e que definem
biblioteca universitária, biblioteca especializada e memória institucional.
3 CONCEITOS PARA DISCUSSÃO
3.1 Biblioteca universitária
Podemos entender o conceito histórico de biblioteca universitária:
relacionado às necessidades de ensino, pesquisa e extensão das universidades a que
serve. É uma agência social moldada de acordo com os padrões, ideologias e valores
culturais que regem os modelos de universidade vigente. A biblioteca é por esta
condicionada, sendo ambas por sua vez, reguladas pelo contexto social e político, ao
longo da história de cada uma. (CARVALHO, 2004 e GICO, 1990 apud SILVA,
2010).
Para uma definição mais recente de biblioteca universitária:
As bibliotecas universitárias são importantes produtoras de conhecimento científico,
exercendo um papel fundamental no processo de ensino, pesquisa e extensão, o
conhecido tripé do Ensino Superior no Brasil. É na universidade que se percebe com
mais clareza a produção do conhecimento científico e como este é influenciado pelo
uso da tecnologia. No contexto da atual Sociedade da Informação extremamente
dinâmica, rápida e com intenso fluxo de informações , as tecnologias da
informação e comunicação são responsáveis por grande parte desses processos de
produção e recuperação de informações e conhecimento. (SILVEIRA, 2014, p. 69)
As duas definições envolvem a relação da biblioteca com as funções de ensino,
pesquisa e extensão da universidade. A primeira citação revela a dependência da biblioteca da
universidade:
Como uma organização sem autonomia própria, a biblioteca universitária depende
da universidade. Podemos, portanto, supor que as características da universidade,
tais como se apresentam na descrição de suas funções, estrutura, grau de autonomia,
influências que recebe do meio ambiente, etc., irão refletir na biblioteca
universitária. (TARAPANOFF, 1982, p. 74)
O conceito mais recente relaciona a biblioteca universitária com o conhecimento
científico e o fluxo intenso de informações. Essa ligação aproxima a biblioteca universitária
da especializada. Apoiado nesta afirmação, o contexto de criação da biblioteca Jorge de Abreu
Coutinho no IQ/UFRJ confirma Figueiredo (1979), quando esta autora compara bibliotecas
universitárias e especializadas na América Latina:
�Estes dois tipos de bibliotecas são, contudo, semelhantes, no que diz respeito as suas
coleções, i.e., o nível intelectual das mesmas, já que visam servir uma clientela de
formação superior. Também, quanto aos serviços prestados, possuem certa
semelhança, principalmente porque as universidades latino-americanas, a maioria
não possuindo ainda bibliotecas centrais, mas sim encontrando-se as coleções
espalhadas pelos diferentes departamentos, estas coleções, muitas vezes, se
constituem em verdadeiras bibliotecas especializadas, passíveis de gerar tipos de
serviços similares aos prestados pelas bibliotecas especializadas propriamente ditas.
(FIGUEIREDO, 1979, p. 9)
Mas:
Quanto à estrutura organizacional, ao suporte administrativo e ao financiamento da
biblioteca universitária, em relação à biblioteca especializada, nota-se um contraste
acentuado, e que vem totalmente em detrimento da biblioteca universitária.
Examinemos com detalhes, primeiramente as bibliotecas especializadas.
FIGUEIREDO, 1979, p. 10)
Assim, bibliotecas setoriais das universidades estão bem próximas do conceito de
científico necessita de atendimento personalizado e
agilidade na busca de informações. Em particular, numa biblioteca setorial, a clientela é
menor e assim, tem39).
3.2 Biblioteca especializada
Figueiredo (1979) traça comparação entre bibliotecas especializadas e universitárias.
Quanto às bibliotecas especializadas:
As bibliotecas especializadas são diferenciadas dos demais tipos de bibliotecas pela
sua estrutura de orientação por assunto, e pelo fato de que as organizações as quais
elas pertencem terem objetivos específicos, e estes objetivos, por sua vez, devem
nortear todas as atividades da biblioteca, dentro das áreas de conhecimento abrangido
pela empresa a qual ela serve. Uma biblioteca especializada fornece serviço, i.e.,
toma accessível a uma organização, qualquer conhecimento ou experiência que possa
ser coletada, para avançar os trabalhos desta empresa e fazê-la, assim, atingir os seus
objetivos. (FIGUEIREDO, 1979, p. 10)
Ao fazer análise terminológica, partindo das características básicas dos diferentes
sistemas de informação, Cesarino (1978) afirma que:
As definições para bibliotecas especializadas e centros de documentação são muito
semelhantes. Ambos são considerados como unidades pertencentes a instituições
governamentais, particulares ou associações formalmente organizadas com objetivo
de fornecer ao usuário a informação relevante de que ele necessita, em um campo
específico de assunto. Para atingir esse objetivo, são executadas tarefas de seleção
�(grifo nosso) e aquisição, processamento técnico e disseminação da informação.
(CESARINO, 1978, p. 231)
atividades do centro são parte intrínseca das atividades de ciência e tecnologia. Os centros não
1978, p. 232). Ao longo do artigo a autora chega à conclusão de que o termo biblioteca
especializada é o mais usado no Brasil.
Em texto mais contemporâneo sobre biblioteca especializada, Souza (2017) traça um
quadro baseado na leitura de Figueiredo (1979):
Quadro 1 - Características de uma biblioteca especializada
Fonte: SOUZA e OLIVEIRA (2017, p. 189) baseada em FIGUEIREDO (1979).
Pelo quadro acima, Souza (2017) chega à conclusão de que a biblioteca especializada
de Nice Figueiredo realizada em 1
(SOUZA, 2017, p. 191)
3.3 Memória institucional
Tomando como base a leitura dos escritos da autora Thiesen (1995) torna-se clara a
construção de seu conceito sobre memória institucional. A autora declara que esta construção
deve se manter em aberto e que toca em outros conceitos de várias áreas do conhecimento.
�Quadro 2
Memória institucional toca em outros conceitos
Fonte: THIESEN (1995, p. 47)
A partir do quadro, a autora, com base nos conceitos circundantes, considera a
memória um fenômeno social, um conceito híbrido que deve ser mantido aberto, pois depende
de muitos fatores. Ao final adverte que:
Assim, entende-se que negligenciar tais conceitos pode significar cairmos no erro
comum, tão visível nas instituições culturais que promovem atividades de
preservação de patrimônios, de priorizar um simulacro de identidade, onde nos
identificamos com o exótico e o singular (THIESEN, 1995, p. 50).
Já Barbosa (2004, p. 8) sustenta que a memória institucional:
... é uma narrativa entre as múltiplas narrativas possíveis dentro do contexto
organizacional e sua construção necessita ser alicerçada naquilo que foi ou é
considerado relevante para cada indivíduo, para o grupo ou para a organização .
3.4 Conhecimento científico
O conhecimento das áreas de ciência e tecnologia, das quais a Química faz parte, é
dinâmico e pode se tornar efêmero e desatualizado. Por que isso ocorre? Podemos esclarecer
com base no estudo da investigação de Kemp (1976) sobre a natureza do conhecimento. Ele
propõe o estudo do universo do conhecimento como um sistema aberto. Desta forma, o
conhecimento apresenta as propriedades de funcionar como um ciclo retroalimentável, que
�possui entradas (inputs) e saídas (outputs) onde age, reage e sofre ação do meio onde está
inserido (feedback). Por esse movimento de interação com o meio é que o conhecimento se
torna cumulativo.
Podemos considerar como inputs, novos conhecimentos gerados a partir de pesquisa e
que foram recentemente avaliados. Os outputs são o conhecimento registrado em teses,
dissertações, artigos, etc. Os outputs são aqueles conhecimentos que serão organizados
feedback pode ser a necessidade do meio de receber novos
conhecimentos recentemente avaliados.
Entende-se que o sistema do conhecimento apresenta a capacidade de crescer, o que o
torna mais o cada vez mais complexo (KEMP, 1976, p. 19). O input é atividade que leva
complexidade para a organização do conhecimento. Desta forma o conhecimento possui
comportamento de constante mutação e é imprescindível seu controle. O conhecimento
Diante dos diferentes tipos de conhecimento estabelecidos por Kemp (1976, p. 25),
dois deles: o social, e o pessoal, formam a natureza do conhecimento em si.
O conhecimento pessoal está na mente do indivíduo e é evidenciado somente se for
perguntado. O conhecimento pessoal é a matéria-prima para a geração do conhecimento
social, e os estudos de organização do conhecimento geralmente se voltam para esse
conhecimento social (registrado), que está contido nos diversos suportes de informação.
Dessa forma, o conhecimento social também influencia o conhecimento pessoal
quando um pesquisador origina novo conteúdo através da busca de novas informações (no
conhecimento registrado) gerando novos entendimentos para sua investigação. O
conhecimento social também é insumo para a criação do conhecimento pessoal (KEMP, 1976,
p. 28).
O conhecimento científico manifesta as características e propriedades do
conhecimento social (KEMP, 1976, p. 62). A existência do conhecimento social é essencial
para a condição própria da existência da ciência, de sua recuperação e comunicação. As
pesquisas acarretam problemas, indagações, ideias, evidências ou críticas que, após avaliação,
e, se há consenso, são registradas e estocadas.
Ziman, citado por Kemp (1976, p. 80 e 81), também discute estas questões, porém
denomina o conhecimento social como público. Kemp distingue conhecimento social e
público, e entende que o primeiro é o registrado, armazenado e comunicado, e o segundo é o
que se observa a partir de um fenômeno qualquer, mas que não necessariamente é publicado.
�Entende-
é aquele que compõe ou cria
O conhecimento científico é baseado em probabilidade e observação, não é totalmente
provado, é limitado, nem tudo é conhecido, ou seja, o conhecimento nunca está completo.
Assim, a principal característica do conhecimento é seu crescimento (KEMP, 1976, p. 101).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas leituras de Kemp (p. 124, 1976) foi demonstrado que o crescimento do
conhecimento não representa um simples aumento deste, pois o surgimento de novo
conhecimento (novo conteúdo) traz consequências para o conhecimento antigo, impactando-o,
entendemos que o conhecimento novo acumulado sobrepõe-se (a si mesmo) e causa
mudanças nos seus próprios conceitos e no seu consenso. Por isso, quando surge um novo
consenso, uma porção do conhecimento científico se torna desatualizada ou obsoleta. Assim,
identificamos que existem dois tipos de conhecimentos com características diferentes nos
materiais que estão na biblioteca do IQ/UFRJ. Também pelo estudo dos conceitos anteriores
atestamos que esta biblioteca atende aos requisitos de universitária e especializada. E o
conceito de memória institucional que revela que, apesar de superado, os itens antigos que
foram encontrados ou recebidos pela biblioteca têm grande importância histórica e
institucional para a universidade.
Temos aqui o embasamento para a afirmativa da necessidade de rever e reorganizar os
acervos da biblioteca universitária, e também argumentos para ratificar que o acervo desta
deve acompanhar as atualizações da área de ensino que se dispõe a cobrir observando sempre
o conhecimento que faz parte de tal área e que está sempre em movimento, modificando-se à
velocidade em que se atualiza.
Confrontados na discussão, os conceitos de biblioteca universitária com características
muito afins aos conceitos de biblioteca especializada, e tendo em mente a natureza do
conhecimento científico (de Kemp) podemos afirmar que o conhecimento produzido por cada
área científica (conhecimento de ponta em termos de pesquisa) está sempre em movimento, o
com a necessidade de manter simultaneamente os itens que são suporte dos conhecimentos
aqui discutidos.
�Por sua vez
domínio da ciência e da tecnologia é importante material para aclarar tanto a história de um
determinado campo do conhecimento científico, através do seu conteúdo, quanto a história da
instituição que o preservou, cuidando do seu suporte e primando pela forma como este foi
tratado.
O espaço físico da biblioteca universitária tem como fim principal atender às
necessidades do corpo discente, oferecendo-lhe além dos itens que compõe suas coleções,
acomodações adequadas às atividades de estudo e pesquisa.
A biblioteca Jorge de Abreu Coutinho é um tipo de biblioteca que se propõe atender à
essa dinâmica, as noções que preenchem tais requisitos são de uma biblioteca universitária
com nuances de especializada. A conclusão a que se chega é que existe uma disputa por esse
espaço físico da biblioteca e, embora todas as coleções tenham sua importância justificada, a
missão da biblioteca universitária deve estar voltada a atender prioritariamente as
necessidades dos estudantes e usuários.
Porém, os itens que compõe as coleções de caráter histórico de relevância e que
atendem aos requisitos da noção de memória institucional não são menos importantes que
aqueles outros que compões o acervo corrente. Esses dois tipos de itens demandam espaços
físicos adequados e distintos dentro da universidade. O material considerado memória precisa
sim de outro local específico, onde deve ser reunido e conservado sob as condições ideais
necessárias para sua preservação e manutenção.
REFERÊNCIAS
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Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e de Relações Públicas,
Porto Alegre, 2010
CESARINO, M. AUGUSTA DA N. Bibliotecas especializadas, centros de documentação,
centros de análise da informação: apenas uma questão de terminologia? Revista da Escola de
Biblioteconomia UFMG, Belo Horizonte, v. 7, n. 2, p. 218-41,1978.
COSTA, H. H. Athos da Silveira Ramos: sua importância para o desenvolvimento científico
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�FIGUEIREDO, N. Serviços oferecidos por bibliotecas especializadas: uma revisão da
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MIRANDA, A. Biblioteca Universitária no Brasil: reflexões sobre a problemática. 1
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VOLPATO, M. S. B. A trajetória de uma biblioteca especializada: o caso da biblioteca do
curso de pós-graduação em administração da UFSC. 2009. Mestrado em Curso de PósGraduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.
�
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 20 - Ano: 2018 (UFBA - Salvador/BA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: O Futuro da Biblioteca Universitária na Perspectiva do Ensino, Inovação, Criação, Pesquisa e Extensão.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
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UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Coleções de uso corrente e coleções raras/especiais: onde começa e onde termina o espaço para cada um nas prateleiras da biblioteca universitária?
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Costa, Heloisa
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
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A atividade diária em biblioteca universitária especializada em Química e análise de acervo histórico e especial da área encontrado nesta biblioteca, além do estudo da natureza do conhecimento científico impulsionaram este texto. Surge a necessidade de entender os conceitos de biblioteca universitária, biblioteca especializada, memória institucional, noções relevantes para instituições do tipo da universidade, e de como se comporta o conhecimento científico para justificar o material acolhido no acervo. Estes conceitos são aclarados em sua forma, sua dinâmica e sua importância, levando em consideração a relevância e a finalidade das coleções que precisam ser mantidas dentro do espaço físico da biblioteca universitária. Com objetivo de assimilar qual a missão da nossa biblioteca dentro da universidade e justificar manutenção de coleções de natureza distinta, foi realizada revisão bibliográfica não exaustiva, que procurou abarcar a literatura clássica e mais atual em biblioteconomia dos conceitos tratados. Deste modo, visa-se solucionar o impasse entre alocar no espaço das prateleiras da biblioteca universitária dois tipos de material, dois tipos de conhecimento, cada qual com suas características, com seus valores e finalidades. A biblioteca universitária tem seu espaço físico confrontado pela disputa de vagas em suas estantes para esses dois tipos de conhecimento, e busca solução harmônica para acondicionamento de ambos, sem, no entanto, perder o foco na sua missão: atender seus leitores
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