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LITERATURA CINZENTA EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: presença,
disponibilização e perspectivas.
FRANCISCA ARRUDA RAMALHO
Doutora em Ciência da Informação. Professora
do Departamento de Biblioteconomia e
Documentação do CCSA/UFPB.
arfrancisca@hotmail.com
ELIANE BEZERRA PAIVA
Mestre em Ciência da Informação. Professora
do Departamento de Biblioteconomia e
Documentação do CCSA/UFPB.
paivaeb@gmail.com
RESUMO
A Literatura Cinzenta (LC) abrange recursos informacionais das mais diversas áreas
do conhecimento e possui como característica, principal, a circulação restrita, o que
concorre para limitar o seu acesso e disponibilidade. Assim, realizou-se uma
pesquisa exploratória objetivando analisar a presença da LC nas bibliotecas
universitárias federais do nordeste brasileiro e sua disponibilização para o usuário. A
metodologia compreende um estudo teórico e um de campo. Para coleta de dados
utilizou-se um questionário, administrado via e-mail. Os dados revelam uma
presença significativa da LC nas bibliotecas cujo tratamento vai do convencional,
registro, catalogação, classificação..., ao moderno, digitalização e inserção em
formato digital. A LC já se encontra disponível na Internet com destaque para as
teses e dissertações que, algumas bibliotecas, geraram bases de dados e biblioteca
digital.A disponibilização da LC para o usuário é feita através do livre acesso,
empréstimo e via Internet. Os informantes são unânimes ao opinar que, para ampliar,
otimizar, difundir e disponibilizar a LC é necessário utilizar-se de meios eletrônicos.
Como prioridade para a LC, opinam pela elaboração de uma política onde os direitos
autorais sejam garantidos. Conclui-se que a LC se configura como uma ferramenta
da ação informacional das bibliotecas que, compreendendo sua importância,
encontram caminhos para sua maior visibilidade.
Palavras-chave: Literatura cinzenta; Biblioteca universitária; Produção científica;
Comunicação científica.
1 INTRODUÇÃO
A informação, recurso estratégico e indispensável para o desenvolvimento
econômico e social de um povo, muitas vezes não consegue chegar ao público
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através de canais formais ou convencionais de divulgação; um caso particular é a
chamada Literatura Cinzenta LC que serve de apoio aos processos de pesquisa e
que,
freqüentemente,
proporciona
informações
não
localizadas
nas
fontes
convencionais (SORIA RAMÍREZ,2003).
Tradicionalmente, como a literatura branca, a literatura cinzenta tem sido um canal
de difusão da ciência. Por outro lado, cada vez mais ,os cientistas obtêm resultados
de suas pesquisas , novos descobrimentos e tem o dever de divulgar, os resultados
para seus pares. Assim é como a funciona a ciência, intercambiando informação, no
âmbito das comunidades científicas,com seus próprios canais de comunicação,
normas, regras e princípios éticos.
A LC converteu-se, atualmente, na forma mais ágil a que a comunidade científica
recorre para divulgar os resultados de sua produção intelectual. Isto se deve ,entre
outras questões, ao fato de disponibilizarar informação que ainda não se encontra
disponível, formalmente, de maior rapidez de divulgação do que a literatura
convencional, uma vez que incide, diretamente, no conteúdo da questão tratada e,
atualmente, pela facilidade de difusão via Internet.
Dia a dia, aumenta o número os usuários da LC e as novas
Informação e Comunicação (TICs)
Tecnologias da
vêm proporcionando condições para melhor
produzi-la e difundi-la. Seu uso se dá entre aqueles que a geram: cientistas,
pesquisadores, estudantes..., isto é: os próprios produtores de LC têm necessidades
desse tipo de literatura. Entre as entidades que mais geram a LC se encontram as
universidades, empresas públicas e privadas, bibliotecas, museus, laboratórios,
sociedades, órgãos de pesquisas, entre outros .(SORIA RAMÍREZ,2003).
No Brasil, estudos como os de Almeida ( 2000, 2004, 2006 ) e Población ( 1992,
2006 ), que focam diversos aspectos da literatura cinzenta, mostram o papel desse
tipo de literatura na
produção e difusão do conhecimento. Por outro lado, as
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iniciativas como o Programa biblioteca digital brasileira que inclui base de dados de
texto completo de trabalhos de congressos e bases de dados de eventos sob a
responsabilidade do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IBICT indicam uma preocupação com a LC
no que se refere a sua produção,
promoção e acesso.
Pesquisa anterior aponta que
o gerenciamento da LC caracteriza-se como área emergente dentro
da ciência da informação. Essa posição vem sendo confirmada por
especialistas e profissionais da informação que participam da
programação de eventos e aplicam consideráveis recursos para
desenvolver estudos sobre a geração e uso desse tipo de literatura.
(POBLACIÓN; NORONHA; CURRAS, 2006).
O desenvolvimento de pesquisas
e outros estudos que tratem de
questões
relacionadas à LC, em aspectos de produção, acesso, disponoblização e uso, entre
outros,
se torna imperativo.Com esse e outros entendimentos
realizou-se
a
pesquisa, que gerou este relato, com o objetivo de analisar a presença da LC nas
Bibliotecas universitárias federais do nordeste brasileiro, e a sua disponibilização
para o usuário.
2 LITERATURA CINZENTA: UMA FORMA DE COMUNICAÇÃO
CIENTÍFICA.
A literatura cinzenta, rapidamente aceita pela comunidade científica como fonte ou
como instrumento de difusão, trouxe consigo uma nova forma de se apresentar os
resultados de pesquisa, uma nova forma de se trabalhar, bem como de se entender
o próprio processo de pesquisa Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação
científica. (SORI A RAMÍREZ, 2003).
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A comunicação científica sempre foi uma preocupação dos cientistas. A comunicação
oral (reuniões, congressos...) a busca de socialização do conhecimento entre seus
pares, a organização de sociedades científicas, o reconhecimento dos cientistas da
necessidade de criação de meios para comunicação acadêmica e o entendimento de
que deveriam publicar sua produção e debates, em revistas científicas, contribuíram
para criação das mesmas sendo
o Journal des Sçavants
a mais antiga. As
publicações científicas representam um marco na comunicação científica, na difusão,
em grande escala, dos resultados de pesquisas ao tempo em que proporcionam a
ampliação do universo de usuários desse tipo de informação.
A explosão da informação, o surgimento das novas Tecnologias da Informação e
Comunicação - (TICs) proporcionaram mudanças e contribuíram para a criação de
novos canais de comunicação, os canais supra - formais, transformando, assim, o
processo de comunicação científica.
2.1 Literatura cinzenta: gênese e evolução.
Uma revisão sobre os antecedentes do termo Literatura Cinzenta, revela que alguns
autores já denominaram esse tipo de literatura como literatura menor ou informal,
invisível ou não publicada, não convencional. Tudo para indicar aquele tipo de
literatura que não está disponível ao domínio público. O referido termo surgiu em
1978 quando um grupo de cientistas e técnicos que se dedicavam ao estudo e
tratamento da literatura não convencional se reuniram em um seminário, na cidade
de York (Inglaterra) e decidiram denominá-la Literatura Cinzenta.
A definição de LC surge em 1989, no Canadá, como (Gray literature) [...] aquela que
descreve qualquer documento sem se preocupar com o meio, aquela que não se
insere nos canais normais de publicação e distribuição (RODINO, 2006)
Na Conferência Internacional sobre LC (GL97), realizada em Luxemburgo, esse tipo
de literatura foi definido como aquela que é produzida em todos os níveis de
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governos, academias, negócios e indústria, em formato impresso ou eletrônico
porém, sem ser controlada pelos editores comerciais . Esta definição inclui, pela
primeira vez, os documentos eletrônicos no universo da Literatura cinzenta (SORIA
RAMÍREZ, 2006, p.131).
Falar de Literatura Cinzenta, terminologia que está associada à massa cinzenta do
cérebro, caracterizada pela sua intelectualidade,
[...] é acerca-se de um conceito dinâmico variado e afetado por um
ambiente tecnológico em continuo desenvolvimento Portanto as
tipologias documentais, susceptíveis de serem consideradas como tal
para esse âmbito, vão se alimentando, com o passar do tempo,
porém, girando em torno da idéia da cor cinza como definidora do
não convencional. (GARCIA SANTIAGO, 1999 p.48 Tradução nossa).
Para Soria Ramírez (2003) a literatura cinzenta se configura em trabalhos
acadêmicos, pré publicações, (pre - print ,entendidas como um registro de
investigação distribuído entre os cientistas antes de sua publicação formal ) informes
( de comitês e comissões, técnicos, de governantes, de pesquisadores, trabalhos de
conferências, normas técnicas teses, traduções não comercias, pesquisa de
mercado, boletins de notícias, documentos de empresas, além de
Websites,
conjunto de dados [data sets] , correio eletrônico, entre outros.
Población (1992. p.243) considera que os documentos de Literatura Cinzenta são
documentos fugitivos, transparentes (que não se vêm nos catálogos editoriais,
livrarias, bibliotecas etc) de difícil localização que, na maioria dos casos, contêm
dados relevantes e importantes
A LC é definida por Almeida (2000. p.37) como
[...] o conjunto de documentos,
independentemente de sua
tipologia e suporte ou formato impresso ou tecnológico, emitidos por
centros universitários, de pesquisa, empresas, indústria, sociedades
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acadêmicas, públicas e privadas, sem intenção de ser publicados e
que são de vital importância na transferência do conhecimento.
A LC apresenta características como as denominadas por Pujol (2006) que
contribuem para o melhor entendimento desse tipo de literatura o que pode ser
resumido em:.
a) edições curtas e padrões de produção e de edição variáveis;
b) pouca ou nenhuma publicidade e circulação em âmbito limitado;
c) Informações muito especializadas, por isso úteis para um número limitado de
pessoas e
d) informação de duração limitada ( rápida obsolescência)
Soria Ramírez (2003, p.131)
considera que, graças aos avanços das TICs ,
associados à grande explosão da informação, estamos tratando não só com LC mas,
também, com informação cinzenta isto é, novo suporte, formato, canal de
distribuição. A LC da nova geração, denominada assim porque a tecnologia afeta
alguns aspectos da sua natureza, apresenta as seguintes características:
a) rapidez em produzir e divulgar o documento e, inclusive destruí-lo,
b) crescimento das publicações graças as novas tecnologias existentes e
c) acesso visual à informação, pois se pode obter uma cópia exata do
documento.
Considera, ademais, a supracitada autora, que a LC de nova geração incorpora os
denominados e prints (manuscritos que passaram por um processo de revisão e
estão aguardando para serem publicados em um meio ou formato tradicional mas
que já se encontram disponíveis em forma eletrônica). Trata-se portanto de um pré
print acessível via Internet. Pode-se dizer que o sucesso do e print reside no fato
de proporcionar aos usuários acesso rápido e livre a informação, a consulta por parte
dos pares bem como divulgar os resultados das pesquisas com mais rapidez.
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Pujol (2006) considera que a publicação eletrônica, seria LC já que não se trata de
um sistema convencional e que no momento, se pode admitir a complexidade de
sua localização e recuperação porém,
pouco a pouco, a LC vai se
embranquecendo graças ao aperfeiçoamento de sistemaseletrônicos. Pode-se
assegurar que o novo cinzento faz uso das formas do velho cinzento posto que
juntos formam uma totalidade. A LC impressa é muito parecida com suas formas
eletrônicas, está cada vez mais visível.
Face ao crescente volume e qualidade da literatura cinzenta, várias organizações
nacionais e internacionais, principalmente públicas, empreenderam esforços no
sentido de coletar e disponibilizar esse tipo de literatura, em publicações e bases de
dados. Os exemplos a seguir, são enfáticos para a disseminação do LC.
a) A União Européia mantém, desde 1980, a base de dados System for
Information on Grey Literature in Europe (SIGLE) que incorpora os relatórios
técnicos-científicos existentes em centros da Inglaterra, França e Alemanha e,
desde 1991, incorpora as contribuições da Itália, Luxemburgo e Espanha
incluindo, também, na base Sigle, as teses/dissertações e comunicações
apresentadas em eventos.
b) Preocupado com o volume de LC FARACE agiliza, por meio da Internet, a
Rede
de
Serviço
de
Literatura
<http://www.knonbib.enfolev/greynet/home.html
Cinzenta,
>
criada
Grey
em
1992
net
e
estabelecida em 1993 na Primeira Conferência Internacional de Literatura
cinzenta em Amsterdam . A Grey net tem como objetivo
[...] levar adiante o avanço da cooperação Internacional, através do
entretenimento e organização de conferências , resultados de
pesquisas, bem como o estabelecimento dos serviços de referencia de
informação mundial. Atualiza, ativamente, a compilação bibliográfica,
documental e factual de informação sobre pessoa, organizações e
seus respectivos produtos e serviços da área da Literatura cinzenta [...]
(FARACE apud ALMEIDA, 2006).
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As ações anteriores traduzem uma preocupação com o controle, localização e
acesso à LC. Iniciativas nesse sentido, contribuem para o fortalecimento desse tipo
de literatura e, associadas às novas tecnologias, estão à disposição de um número
considerável de usuários.
3 A PESQUISA
.
A LC abrange recursos informacionais das mais diversas áreas do conhecimento e
possui, como característica principal, a circulação restrita. Por compreender uma
imensa parcela de informações inéditas, o estudo da LC se torna imprescindível no
âmbito das bibliotecas universitárias. Com esse entendimento, realizou-se uma
pesquisa exploratória, com o universo de 11 Bibliotecas Centrais de Universidades
federais, o nordeste brasileiro, UFPB, UFCG, UFPE, UFRPE, UFRN, UFBA, UFC,
UFAL, UFMA, UFSE e UFPI. A amostra compreende sete (63,6%) bibliotecas que
responderam o questionário, administrado, via e-mail, aos seus
diretores. Para
manter o anonimato dos respondentes codificou-se os questionários como: BC1
BC2, BC3,
A pesquisa desenvolveu-se através de um estudo teórico e um de campo. A análise
dos dados se deu de forma quantitativa e qualitativa, sendo esta com base em
Minayo. (1998) Assim, trabalhou-se com categorias de análise que, no item a seguir,
aparecem em negrito.
4 AS
BIBLIOTECAS
CENTRAIS
DAS
UNIVERSIDADES
FEDERAIS
DO
NORDESTE BRASILEIRO FACE À LITERATURA CINZENTA.
Uma grande variedade de tipos de recursos informacionais compõe a LC que, no
âmbito das biblioteca universitária, já assegurou o seu espaço, por sua grande valia
para os usuários.
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A análise que ora se inicia, e que tem como base os dados coletados
junto a
Bibliotecas de universidades federais, do nordeste do Brasil, revela uma presença
significativa da LC nessas bibliotecas. O tipo de LC disponível nessas unidades de
informação são: monografias, teses, dissertações, relatórios e comunicações em
congressos, seminários, simpósios, entre outros eventos.
Observa-se que a tipologia da LC, disponibilizada pelas bibliotecas universitárias
estudadas ainda é modesta. Os dados da pesquisa apontam, portanto, para a
necessidade de incorporar ao acervo outros tipos de documentos cinzentos que não
foram citados pelas bibliotecas como patentes, pré-print normas técnicas, informes,
traduções não comercias, literatura comercial, entre outros, a fim de aumentar o
leque de opções de documentos/informações, para seus usuários, tendo em vista
que a clientela potencial das bibliotecas universitárias é composta de grupos de
usuários que se inserem nas mais diversas áreas do conhecimento, portanto,
demandam e necessitam de informações variadas e acessíveis nos mais diversos
tipos de documentos. Assim, é imperativo pensar que a cada usuário deve-se
repassar a informação que ele necessita.
A distribuição da LC nas bibliotecas estudadas é por assunto, nas seções da
biblioteca (42,9%) ou em seções específicas como as denominadas Memória (BC1),
Coleções especiais (BC4, BC5, BC7). Embora a LC se insira em seções diversas a
maioria das bibliotecas (57%) informou que não dispõem de catálogos exclusivos
para LC. Das que possuem
(43%) uma indicou que apenas das teses e
dissertações (BC4). Era de se esperar que seções especiais fossem dotadas de
catálogos para esse tipo de literatura.
.
O tratamento dado a LC,
nas bibliotecas estudadas, vai do
convencional,
registrado, catalogado e disponibilizado para o público (BC4) [...] organizado na
estante em ordem alfabética por tipo de material (BC1) ao moderno, processada,
�10
digitalizada, colocada no Pergamum e armazenada (BC2 ) confecção de bases de
dados ( BC1), inserção em formato digital (BC5).
A respeito
do tratamento observa-se, ainda,
o que se pode denominar de um
período de transição para a convivência do convencional com o moderno. Neste
sentido o posicionamento de uma biblioteca é bem representativo
O material é catalogado, classificado e a recuperação, atualmente,
ainda é feita através do catálogo manual pois o nosso sistema de
automação começou a ser implantado este ano [2006]
mais
precisamente a partir do mês de maio, estamos dando prioridade ao
acervo de livros e periódicos. No caso das teses e dissertações
estamos implantando a biblioteca digital de teses e Dissertações
BDTD, através do convênio firmado com o IBICT (BC7)
Na realidade, a LC já se encontra disponível nas bibliotecas (86,6%), via Internet , só
as referências ou em parte. Destaque deve ser dado as teses e dissertações, que
algumas bibliotecas já elaboraram bases de dados e BiblIotecas digitais, como é o
caso da UFRN. Na UFPB, atualmente, a Biblioteca Central e a Pró-Reitoria de PósGraduação e Pesquisa estão dando início à implantação da Biblioteca Digital de
Teses e Dissertações, atendendo às orientações da CAPES, que, através da Portaria
Nº 13, de 15 de fevereiro de 2006, institui a divulgação das teses e dissertações,
produzidas pelos programas de doutorado e mestrado reconhecidos.
Essas e outras iniciativas vêm confirmando a tendência quanto a disponibilização
da literatura cinzenta através das TICs, nas universidades federais. Como outros
exemplos, além do nordeste, cita-se as respectivas bibliotecas digitais de teses e
dissertações da USP, da UFPR e da UFRGS.
Essas ações podem ser,
perfeitamente, desenvolvidas por outras Bibliotecas, uma vez que podem reforçar a
�11
inserção das Bibliotecas no contexto digital ao tempo em que dará melhor visibilidade
a literatura cinzenta.
A aquisição da LC para as Bibliotecas Centrais não foge ao que acontece com
esse tipo de literatura, é feita, em sua totalidade, por doações com destaque para as
teses, dissertações e monografias por serem as
bibliotecas
depositárias dessa
produção, no âmbito universitário, como se pode deduzir das afirmações. Depósito
legal e doações (BC4) A Biblioteca central é depositária das teses e dissertações
defendidas por nossos docentes (BC2).
A disponibilização da LC para o usuário é feita é feita através do livre acesso, do
COMUT, do empréstimo e via Internet., como se deduz das afirmações: Acesso
livre e empréstimo ao usuário da instituição (BC4), Organizada por tipo de material
e em ordem alfabética, com livre acesso às estantes BC1) e Via Internet BDTD/Banco de teses ou COMUT (BC2)
O diretores das bibliotecas universitárias (82.7%) opinaram sobre, ampliação,
otimização, difusão e disponibilização da LC para o usuário, enfatizando que,
nesse sentido, é necessário o uso de meios eletrônicos haja vista que estes darão
maior visibilidade a LC disponível, na biblioteca. As opiniões dos diretores
são
taxativas: Mostrar a importância desse material informacional, tratá-lo e permitir a
acessibilidade e uso, por meio de formatos impressos e digitais, haja vista que este
último dará maior visibilidade a um acervo dessa natureza (BC5), a inserção de
todo acervo de monografias no sistema de automação o que possibilitará a consulta
via Internet assim como a implantação da BDTD (BC7).
Ainda, a respeito da disponibilização, uma biblioteca considera que o material citado
já é disponibilizado a contento (BC3). A posição dessa Biblioteca
nos chama
atenção uma vez que todo procedimento em relação à LC, nessa biblioteca, é de
forma tradicional, isto é: não inclui usos das TICs. Atualmente, uma unidade de
informação, seja ela qual for, não pode ficar a margem dos avanços tecnológicos
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que proporcionam melhores formas de disponibilizar a informação para seus
usuários.
A idéia de uma seção exclusiva para a LC nas bibliotecas universitárias é
compartilhada por grande parte dos diretores ( 85.7%) que consideram importante,
embora tenham consciência das dificuldades. Nesse sentido, das opiniões sobre o
que deve ser priorizado em uma proposta para criação de seção exclusiva para LC ,
na biblioteca universitária, destacam-se:
A garantia de que esse material chegue até a seção. (BC1)
Deve-se ter uma política onde [os] direitos autorais sejam garantidos, com
possíveis procedimentos de digitalização, preservação e conservação da
memória intelectual da Instituição. (BC2)
[...] espaço físico e pessoal especializado [...] ( BC3)
Uma política para o desenvolvimento adequado da coleção, ressaltando o
uso da tecnologia como fator importante na modernização de sua
estrutura, o que agiliza a prestação do serviço, alem de melhorar a
qualidade do mesmo, através das facilidades de acesso e da visibilidade a
nível nacional e internacional, a exemplo da BDTD (BC7)
Contrária a essas opiniões se encontra uma biblioteca (14,3%) que afirma que [...]
não seria necessário à criação de uma seção exclusiva para LC. (BC4) portanto não
opinou sobre a questão..
Acredita-se que a criação de uma seção exclusiva para LC resultaria em ações mais
específicas que fortaleceriam esse tipo de coleção pois, como por exemplo, uma
política exclusiva a seção se tornaria mais dinâmica em seus processos de seleção,
aquisição e avaliação da LC. Por outro lado, os responsáveis pela seção atuariam
em um contexto que demanda questionamentos do tipo: Quem produz a LC de
interesse dos usuários da biblioteca? Como adquirí-la? Quais são os usuários
desse tipo de literatura? Assim sendo, as bibliotecas terão condições de atender as
necessidades de informação de seus usuários, referentes a esse tipo de literatura.
�13
5 CONSIDERAÇÃOES FINAIS
A LC se configura como uma ferramenta de ação informacional das bibliotecas que,
compreendendo sua importância, estão encontrando os caminhos para sua maior
visibilidade. A construção de Bibliotecas digitais de documentos cinzentos já é uma
realidade nas bibliotecas universitárias do nordeste brasileiro o que mostra a busca
de inserção dessas bibliotecas no mundo das TICs como acontece com outras
bibliotecas de universidades brasileiras e, por que não dizer, estrangeiras.
A presença atual da LC
nas bibliotecas, objeto de estudo,
indica que essas
unidades podem ampliar o universo da LC a ser disponibilizada para os usuários,
realizando atividades de cunho referencial, como indicar bases de dados produzidas
por centros especializados a exemplo da base de dados National Technological
Information Service (NTIS) dos EUA, que cataloga e difunde informes de pesquisas
elaboradas com patrocínio estatal e da base de dados de teses e dissertações
espanholas TESEU, produzida pelo Ministério de Educação da Espanha, entre outras
de interesse da comunidade universitária.
A Internet, como propulsora dos canais supra-formais de comunicação é a grande
responsável pela disponibilização desses canais nas bibliotecas. Não resta dúvidas
de que a rede potencializa a visibilidade da produção cientifica, mas somente essa
justificativa não basta o importante é que, de forma tradicional ou moderna, a LC
esteja ao alcance dos usuários. Para isso é preciso empenho e ações concretas por
parte das bibliotecas universitárias para uma aquisição da LC, que contemple toda
sua tipologia, e quanto a disponibilzação desse tipo de literatura, para o usuário.
Democratizar e socializar o acesso `a informação, eliminando barreiras relacionadas
à distância e ao tempo,
deve ser o objetivo maior de qualquer unidade de
informação. Nesse sentido, hoje em dia as bibliotecas contam com pontos favoráveis
pois grandes são as possibilidades que proporcionam as TICs. Percebe-se que as
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bibliotecas já estão fazendo uso dessas possibilidades gerando novas formas de
trabalho e de disponibilização da LC para os usuários o que demonstra que as
perspectivas em relação à LC, nas bibliotecas universitárias do nordeste brasileiro,
são prometedoras. Em outras palavras: alargamento do leque de sua visibilidade o
que, sem dúvida, provocará demandas e uso efetivo da LC.
GREY LITERATURE IN UNIVERSITY LIBRARIES: PRESENCE,DISPLAYING AND
PERSPECTIVE.
ABSTRACT
The Grey Literature ( GL) embodies informational resources from the most diverse
knowledge area and is characterized mainly by the restrict circulation, what makes the access
to and the display of such literature limited. Thus, it was developed an exploratory research
aiming at the analysis of the presence of the GL in the federal university libraries in the
Northeast of Brazil and its display to the users. The methodology was based on theoretical
and field studies. For data collection a questionnaire was applied via e-mail. The data shows a
significant presence of the GL in libraries whose treatment goes from the conventional,
register, cataloguing, classification to the modern digitalization and digit insertion format.
The GL is already available in the Internet, and some thesis and dissertations were used by
libraries to generate data basis and digit libraries. The availability of the GL to the users is free
access ,loan and via internet The informants has a unanimous opinion, saying that to enlarge,
optimize, spread and display the GL it is necessary to use electronic means. A priority to the
GL, they ask for the elaboration of some policies to guarantee the authorship rights. It is
concluded that the GL is a tool to the informational action for the libraries which understand
its importance, find ways to expose such literature.
Keywords: Grey literature; university library; scientific production; scientific communication.
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�
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Title
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SNBU - Edição: 14 - Ano: 2006 (UFBA - Salvador/BA)
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Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
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Tema: Acesso livre à informação científica e bibliotecas universitárias.
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2006
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Português
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Literatura cinzenta em bibliotecas universitárias: presença, disponibilização e perspectivas.
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UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2006
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
A Literatura Cinzenta (LC) abrange recursos informacionais das mais diversas áreas do conhecimento e possui como característica, principal, a circulação restrita, o que concorre para limitar o seu acesso e disponibilidade. Assim, realizou-se uma pesquisa exploratória objetivando analisar a presença da LC nas bibliotecas universitárias federais do nordeste brasileiro e sua disponibilização para o usuário. A metodologia compreende um estudo teórico e um de campo. Para coleta de dados utilizou-se um questionário, administrado via e-mail. Os dados revelam uma presença significativa da LC nas bibliotecas cujo tratamento vai do convencional, registro, catalogação, classificação..., ao moderno, digitalização e inserção em formato digital. A LC já se encontra disponível na Internet com destaque para as teses e dissertações que, algumas bibliotecas, geraram bases de dados e biblioteca digital.A disponibilização da LC para o usuário é feita através do livre acesso, empréstimo e via Internet. Os informantes são unânimes ao opinar que, para ampliar, otimizar, difundir e disponibilizar a LC é necessário utilizar-se de meios eletrônicos. Como prioridade para a LC, opinam pela elaboração de uma política onde os direitos autorais sejam garantidos. Conclui-se que a LC se configura como uma ferramenta da ação informacional das bibliotecas que, compreendendo sua importância, encontram caminhos para sua maior visibilidade.
Language
A language of the resource
pt