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0606e032f3f4ee5bdff8f3ff21e708d4
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Eixo I
Inovação e Criação
GUIA DA INCLUSÃO: UMA INOVAÇÃO PARA INCLUSÃO SOCIAL
GUIDE DO INCLUSION: INNOVATION FOR SOCIAL INCLUSION
Resumo: O artigo refere-se às fases de elaboração para a criação de um Guia de Inclusão para
Pessoas com Deficiência, que reunirá todas as informações dos serviços públicos e privados
existentes no Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade de facilitar a vida cotidiana das
pessoas com deficiência, bem como seus familiares, profissionais e especialistas na área da
Deficiência Intelectual. O seu principal objetivo é buscar e oferecer informações, que possam
orientar e direcionar sobre algumas de suas necessidades, colaborando para o
desenvolvimento, qualidade de vida e inclusão social das pessoas com deficiência. Para tanto
será elaborada uma ferramenta de busca que possa indicar e orientar de maneira rápida, segura
e simples, sobre profissionais e instituições que ofereçam recursos destinados à diagnóstico,
terapias, educação e socialização de pessoas em condição de deficiência intelectual. O Guia se
insere num projeto maior que está sendo desenvolvido em uma parceria do Instituto JNG
Projetos de Inclusão Social com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia, que é a criação da Plataforma de Integração de Informação para Pessoas com
Deficiência.
Palavras-chave: Pessoas com deficiência. Catálogo. Guia. Inclusão social. Inovação.
Abstract: The article refers to the elaboration phases for the creation of an Inclusion Guide
for People with Disabilities (PwD), which will gather all the information of the public and
private services existing in the State of Rio de Janeiro, with the purpose of facilitating the life
of people with disabilities, as well as their families, professionals and specialists. Its main
objective is to seek and provide information, which can guide and direct some of its needs,
collaborating for its development, quality of life and social inclusion of the people with
disabilities. For this purpose, a search tool will be developed that can indicate and guide in a
fast, safe and simple way, information about professionals and institutions that offer resources
for the diagnosis, therapies, education and socialization of people with intellectual disabilities.
The Guide is part of a larger project that is being developed in a partnership with the Brazilian
Institute of Information on Science and Technology and JNG Institute, which is the creation
of the Platform for Integration of Information for People with Disabilities.
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�Keywords: Disabled persons. Information. Guide. Catalog. Social inclusion. Innovation.
Intelectual Disability.
INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta as fases de elaboração para a criação de um Guia da
Inclusão para reunir e facilitar o acesso a informações sobre serviços públicos e privados para
Pessoas com Deficiência (PcD), seus familiares e profissionais, colaborando para a inclusão
nas diferentes formas de atividades do dia a dia das pessoas com deficiência.
No Brasil, o Censo IBGE 2010 aferiu que 23,9% da população, aproximadamente 45
milhões de pessoas, mencionaram apresentar alguma dificuldade funcional. Nesse total estão
considerados todos os tipos e graus de deficiência de acordo com o desempenho nas
atividades e domínios pesquisados: alguma dificuldade, grande dificuldade ou não ser capaz
de caminhar e subir escadas, enxergar, ouvir ou apresentar deficiência mental/intelectual
(MAIOR, 2017). Desse total 2,6 milhões de pessoas possuem deficiência intelectual (D.I.). O
Guia da Inclusão será, inicialmente, focado nos serviços e profissionais que trabalham
principalmente com as pessoas com D.I., embora boa parte dos serviços mapeados poderão
ser úteis para outros tipos de deficiência.
O Guia da Inclusão se insere num projeto maior que vem sendo desenvolvido numa
parceria entre o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e o
Instituto JNG
Projetos de Inclusão Social, para desenvolvimento de uma Plataforma de
Integração de Informação para Pessoas com Deficiência
IPcD. A plataforma disponibilizará
num só local e de forma colaborativa recursos em formato de texto, vídeos e áudios, que
constituam fonte de informação e conhecimento de interesse para essa comunidade. Os
recursos básicos que a plataforma pretende oferecer ao usuário são: taxonomia navegacional,
recuperação de conteúdos classificado por assunto, galeria multimídia (vídeo, fotos e áudio),
cadastro de usuário (login e senha), integração com redes sociais, fórum de discussões, página
de informações para doação, serviços, profissionais, entre outros.
Essa parceria se deu em razão da complementaridade existente entre as missões do
Instituto JNG e do IBICT. Como unidade de pesquisa vinculada ao Ministério de Ciência
Tecnologia e Informação Científica (MCTIC), o Instituto Brasileiro de Informação em
Ciência e Tecnologia (IBICT) realiza estudos no campo da ciência da informação e temas
a infraestrutura de informação em ciência e tecnologia para a produção, socialização e
168
�da década de 50, e desde então, o Instituto tem atuado também na promoção da popularização
da informação científica e tecnológica.
O Instituto JNG é uma organização social de interesse público (OSCIP), com sede no
Rio de Janeiro, financiada através de doações (benefício fiscal) e contribuições diretas, criada
com o objetivo de identificar, promover, coordenar e executar projetos de inclusão social para
pessoas com Deficiência Intelectual, com foco na moradia independente com apoio
individualizado. Trabalha construindo redes e parcerias, nacionais e internacionais, que
permitam promover a vida independente e a autonomia de pessoas com deficiência
intelectual, criando novas perspectivas para a inclusão social.
O objetivo principal do Guia da Inclusão é oferecer uma ferramenta de acesso às
informações de serviços, que tenham funcionalidade, qualidade, veracidade e segurança em
todos os segmentos relacionados no Guia.
A falta ou fragmentação de informação sobre serviços, escolas, terapeutas, centros de
esporte e cultura, importantes para o desenvolvimento de pessoas com deficiência justificou a
necessidade de elaborar uma ferramenta de busca, que possa orientar de maneira
rápida, segura e simples, dados sobre profissionais e instituições que trabalhem e contribuam
para a socialização e educação dessas pessoas.
REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com Schwartzman e Lederman (2017), as várias condições infantis que
pertencem ao grupo de deficiência intelectual constituem importante problema referente à
saúde e se configuram como de grande importância em vários aspectos, a saber: (1)
identificação precoce; (2) diagnóstico acurado; (3) avaliação adequada; (4) identificação da
etiologia; (5) oferta das intervenções necessárias; (6) adequação de recursos; e (7)
estabelecimento do prognóstico. Do ponto de vista biomédico, as deficiências intelectuais,
portanto, são condições crônicas que compartilham distúrbios qualitativos, quantitativos ou
ambos no desenvolvimento de um ou mais dos seguintes domínios: motricidade, fala e
linguagem, cognição, domínio pessoal-social e atividades de vida diária.
Em cada uma dessas fases o acesso a informação segura, confiável e eficaz pode
influenciar muito o percurso e a história da pessoa com deficiência e sua família. Tomando
em conta o primeiro aspecto, a dificuldade de acesso a recursos para a detecção precoce de
distúrbios no desenvolvimento de crianças pode comprometer seu desenvolvimento ao ponto
de, na vida adulta, a pessoa poder ou não ter uma vida independente. Em alguns casos como,
169
�por exemplo, a Síndrome de Down, o diagnóstico costuma ser fácil e preciso ao nascer.
Entretanto, a forma como o fato é relatado aos pais e a existência ou não de apoio nesse
momento influi diretamente na atitude de pais e familiares e na relação que se estabelece entre
pais e o recém-nascido. Existem organizações que se especializaram na forma como a notícia
é dada oferecendo acolhimento e orientações muito positivas para o começo de uma história
de vida que pode ser muito bem-sucedida, como para qualquer pessoa. O acesso a informação
adequada, nesse caso, constará de um Guia que, nesse caso, pode ser útil, também, para a
equipe do hospital que tem o dever de orientar. Outro caso, que ilustra a importância do
acesso a informação na fase de detecção precoce é o da triagem neonatal ou, como é
popularmente conhecido, o teste do pezinho. Esse teste deve ser feito obrigatoriamente nas
primeiras 48 horas de vida do bebê e é capaz de diagnosticar uma série de enfermidades
metabólicas, genéticas e infecciosas que afetam o desenvolvimento da criança. Embora o teste
seja obrigatório, pais melhores informados podem exigir esse direito quando negligenciado
pelo sistema de saúde. Além dos casos de possível deficiência intelectual detectados na fase
neonatal, existem as situações ainda mais complexas cujo diagnóstico precoce representa um
desafio, como é o caso do autismo. O acesso a informação para encontrar serviços
especializados que sejam capazes de fazer um correto diagnóstico para consequente
proposição de intervenções é determinante.
Passada a etapa de detecção precoce, o tipo de serviço e informação necessária muda
ao longo do desenvolvimento da pessoa. A cada etapa do ciclo de vida da PcD, persistem as
buscas por terapias, onde encontrar escolas adequadas, onde fazer esporte e ser orientado por
profissionais especializados e, mais adiante, quais serão os espaços para socializar, para ir
desenvolvem atividades para a inclusão social e/ou orientação para familiares e PcD.
Entretanto, encontrá-las ainda depende de dicas de pessoas próximas
oca a
relacionamento é limitado.
O Guia da Inclusão também cumpre uma função cívica importante na orientação sobre
direitos e deveres. Ao chegar a maioridade, perguntas
com as obrigações eleitorais, como os rapazes devem proceder para se apresentar ao serviço
militar obrigatório, quem seria elegível para ter acesso a benefícios assistenciais do governo e
outras indagações civis surgem. Essas e outras perguntas podem ser respondidas após
pesquisas e indagações nos órgãos específicos, um trabalho que pode ser mitigado e melhor
orientado através de uma porta de entrada única confiável e segura.
170
�Os guias ou catálogos surgiram para armazenar e registrar as informações sobre os
documentos existentes em um acervo, todavia, sua função passou por uma metamorfose em
decorrência do aumento de materiais impressos, inclusive no que tange a ampliação da
produção de livros e a consequente necessidade de organização desse material para posterior
recuperação. Por isso, ocorreu uma mudança de foco no uso dos catálogos ou guias, de
simples função de depósito para uma ferramenta arrojada de uso da recuperação de
informações (MARTINHO; FUJITA, 2011). Além do conteúdo de entrada, a organização dos
catálogos ou guias também pode variar em função do tipo e das necessidades da comunidade
usuária que atende.
O tratamento da informação compreende a análise e a descrição da forma e do
conteúdo do documento, pois demanda do bibliotecário grande esforço mental,
principalmente na abrangência do teor do documento.
A definição de acessibilidade, de acordo com o Art. 8º, inciso I, do Decreto nº
5.296/2004 (BRASIL, 2004, p.1), se refere a:
[...] condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos
espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de
transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Percebe-se, inicialmente, que é um desafio suprir as reais necessidades das pessoas
com deficiência (PcD), porém, a forma como ocorre a organização da informação e a
acessibilidade, em diferentes contextos, apresenta possíveis soluções no processo de
organização da informação nos ambientes pesquisados de forma que as barreiras de busca
podem ser removidas ou minimizadas (ALBUQUERQUE; SOUSA; GUIMARÃES, 2015).
A literatura especializada aponta grandes avanços recentes, mas ao mesmo tempo
revela imensas lacunas no conhecimento relativo a problemas que envolvem as PcD, suas
famílias, a escola e a comunidade; problemas cuja solução depende de investigação científica
e de intervenção que seja cientificamente embasada e avaliada (PPGEEs, 2017).
Uma dessas lacunas corresponde à dispersão e fragmentação da informação, não só
científica, mas especialmente sobre o conjunto de serviços e intervenções que são necessários
para a construção de uma vida com mais autonomia e independência. Muitos casos de
deficiência intelectual são detectados no nascimento, outros ao longo da infância, e muitos
também podem ser adquiridos como consequência de outros problemas de saúde ou acidentes.
Seja qual for a origem muitas famílias experimentam forte sensação de angústia ao se
171
�depararem com o fato que é, geralmente, desconhecido. O futuro se torna nebuloso e a
necessidade para encontrar os caminhos de um desenvolvimento atípico as vezes paralisa
algumas pessoas. No caso do desenvolvimento infantil a perda de tempo ou dificuldade de
acesso para buscar informação segura, confiável e eficaz pode comprometer as oportunidades
de intervenções precoces que são determinantes para viabilizar a autonomia e vida
independente de PcD. Um Guia não é a salvação, mas é um indispensável começo para ter
acesso a informação que, inicialmente a família e mais tarde a própria pessoa com deficiência
precisam para garantir um percurso de desenvolvimento saudável. A Convenção dos Direitos
da Pessoa com Deficiência estabelece em seu Artigo 21, que:
Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar que as
pessoas com deficiência possam exercer seu direito à liberdade de expressão e
opinião, inclusive à liberdade de buscar, receber e compartilhar informações e
ideias, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas e por intermédio de
todas as formas de comunicação de sua escolha, conforme o disposto no Artigo 2 da
presente Convenção (MELLO, 2008, p.76).
A construção de um Guia para Inclusão, inicialmente, para o Estado do Rio de Janeiro
se faz necessária e servirá como piloto para que outros Estados da Federação possam seguir a
metodologia e, dessa forma, ampliar a abrangência do acesso a informação em nível nacional.
METODOLOGIA
Toda a metodologia usada será baseada no Modelo teórico da deficiência intelectual
da American Association on Intelectual and Development Disabiblities (AAIDD), conforme
figura 1.
As extensões foram fundamentadas pelo manual da AAIDD (2010 apud BOUERI,
2014), e servirão como classificação para catalogação dos dados. Como mencionado
anteriormente, existem outros aspectos que também deverão ser levados em conta na estrutura
do Guia como, por exemplo, as fases de desenvolvimento do ciclo de vida a PcD (neonatal,
infância, adolescência e vida adulta). Entretanto, a lógica biopsicossocial utilizada pela
AAIDD amplia o escopo de serviços e conceitos de apoio e intervenção que serão utitlizados
no Guia para diminuir ou remover as barreiras que dificultam a inserção social de PcD.
172
�Figura 1
Modelo teórico Guia de Inclusão
Fonte: AAIDD, 2010.
Segundo o modelo da AAIDD, a primeira extensão de capacidade intelectual inclui
raciocínio, planejamento, resolução de problemas e aprendizagem. Existem muitos
profissionais que contribuem para o desenvolvimento dessas e outras habilidades cognitivas
importantes para a adaptação do aprendizado que são parte da estrutura do Guia da Inclusão.
A segunda extensão de adaptação a realidade diária e as práticas por elas aprendidas será
disponibilizada sob a forma de relatos e dicas interativas. A terceira extensão diz respeito a
saúde física e mental, abrindo um leque imenso de profissionais, organizações, novas
tecnologias e procedimentos que contribuem para uma vida melhor. A terceira extensão do
preparador físico, etc, para facilitar a busca. A quarta extensão, inclusão social, engloba
atividades cotidianas influenciadas pelas oportunidades proporcionadas à PcD. Nessa parte é
importante disseminar o trabalho de organizações e profissionais que atuam na oferta do
exemplo. A quinta e última extensão, o âmbito, descreve as condições em que o indivíduo
vive contemplando os ambientes familiar, cotidiano, social, serviços educacionais e de
profissionais especializados.
Os procedimentos adotados para elaboração do Guia da Inclusão são principalmente
dois: (1) coletar dados qualitativos e quantitativos de profissionais liberais, escolas,
e visitas, bem como (2) pesquisar nos diversos suportes eletrônicos disponíveis sobre o tema e
organizar todas as informações num Banco de Dados.
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�Embora hoje exista acesso livre para a maioria das informações, a seleção de
conteúdos não pode ser dispensada. Por essa razão, a primeira etapa de construção do Guida
Inclusão é desenvolvida por profissionais da ciência da informação. Nesse contexto, o
bibliotecário passa a ser o mediador entre as diferentes fontes de informação e o público
podendo ou não contar com um Comitê de Especialistas para validação da qualidade da
informação quando esta requer conhecimento técnico específico.
A partir da coleta de dados que deve durar um período de três meses, começa uma
nova etapa, de organização de todas as informações conseguidas, verificadas e atestadas em
um banco de dados. O escolhido a priori, foi o Access da Microsoft, por ser de fácil acesso e
não ter nenhum custo de utilização. E, finalmente a divulgação e lançamento do Guia da
Inclusão. Todas as etapas serão executadas por duas bibliotecárias em conjunto com as
representantes do Instituto JNG Projetos de Inclusão Social.
O Guia irá fazer parte, como serviço, de um dos módulos da Plataforma de Integração
da Informação para pessoas com Deficiência (IPcD), que além deste, terá outros módulos
sobre políticas e direitos das pessoas com deficiência, a produção científica sobre o tema
voltado para pesquisadores e especialistas, estatísticas, entre outros. A plataforma apresentará
uma descrição detalhada de cada serviço, os módulos se dividirão em unidades e capítulos, os
quais se desdobram em seções, com links para obter todas as informações fins.
RESULTADOS
A deficiência é um conceito em evolução, de caráter multidimensional, e o
envolvimento da pessoa com deficiência na vida comunitária depende de a sociedade assumir
sua responsabilidade no processo de inclusão, visto que a deficiência é uma construção social
(MAIOR, 2017). A Inclusão Social, seja como ações ou intenções, são direcionadas a
modificar a sociedade para que ela se torne acessível a todos, ou seja, a deficiência perde o
caráter de atributo individual e passa a ser vista como uma questão social (MAIA, 2014). Em
parte, essa mudança de paradigma se deve à disseminação da informação, de forma
generalizada, e também à constituição de redes que compartilham interesses específicos por
grupos de pessoas. No Brasil, as redes sociais ampliaram seu escopo, dimensão e alcance a
partir da inclusão digital permitindo, dessa forma, muitos avanços sociais em diferentes
frentes, incluindo cursos de alfabetização tecnológica e outras iniciativas destinadas a
minimizar a exclusão digital entre pessoas com deficiências, idosos, analfabetos, indígenas,
pessoas de baixa renda e professores (MELO, 2016)
174
�Pontos de Inclusão Digital
em 2005 para mais de
17
28.000 em 2012 (IBICT), podemos dizer que as PcD, orientadas e com acesso facilitado aos
recursos disponíveis através do Guia de Inclusão poderão estar mais e melhor incluídas na
sociedade por terem acesso, em tempo, à informação com qualidade e voltada para autonomia
e uma vida mais independente. É necessário aumentar a quantidade e qualidade da informação
para aumentar o acesso às tecnologias de informação, visando aquisição de conhecimentos
para realizar mudanças positivas na vida social e profissional de futuros adultos com D.I.
Embora, ainda, não haja dados que comprovem a relação e o impacto do acesso à
informação de qualidade e o grau de autonomia e vida independente que as PcD venham a
adquirir no futuro, um relato extraído do livro de Pascal Jacob18 em 2016, feito por uma mãe
sobre experiência do nascimento de seu segundo filho que nasceu com Síndrome de Down,
revela a importância do acesso a informações como parte da atitude necessária para persistir e
insistir em práticas e intervenções que ajudem a desvendar caminhos desconhecidos. A mãe
descreve o desenvolvimento de sua primeira filha (sem problemas diagnosticados no
nascimento) como se houvesse uma rota já traçada através da escola, de amigos, do lazer,
feita para que a filha crescesse e se desenvolvesse naturalmente. Com o nascimento de R.,
segundo filho, rapidamente percebeu que os obstáculos começaram a se organizar
rapidamente, levando-os para rotas alternativas. Ao longo do relato, a mãe de R. expressa seu
anseio por entender as barreiras, e questiona se é seu filho que não tem condições de ser
o desejo de promover a autonomia é um motor para ultrapassar os milhares de obstáculos que
Sendo assim, podemos dizer que as PcD, orientadas e com acesso facilitado aos
recursos disponíveis, devem obter benefícios não apenas para eles mesmos, mas também para
a sociedade como um todo. É necessário aumentar a disseminação de informação para mudar
paradigmas. Um Guia, neste sentido, é um instrumento imprescindível para garantir os
resultados esperados por qualquer prática de inclusão. Atua diretamente na ação de incluir
porque viabiliza intervenções qualificadas e em tempo.
17
http://www.ibict.br/Sala-de-Imprensa/noticias/2012/mapa-da-inclusao-digital-mid-e-suas-novas-tecnologias.
18
175
�CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada família procura fazer seu próprio caminho de acordo com sua rede social,
recursos e acesso a informação. A Sociedade da Informação ou do Conhecimento, na qual
este projeto está inserido, diz respeito à criação de uma Guia da Inclusão que reúna, organize,
disponibilize e dissemine de forma ampla e livre informação atual, relevante e de qualidade
aos diversos atores envolvidos na área de autonomia, moradia, trabalho e inclusão
relacionados à deficiência intelectual e vida adulta.
O acesso à informação apresenta-se como um dos determinantes sociais para o
desenvolvimento da saúde, da inclusão social, da cultura, do exercício da cidadania na sua
plenitude, além de constituir um dos direitos fundamentais do ser humano. A capacidade de
ação dos atores envolvidos, incluindo profissionais de educação e saúde, pesquisadores,
familiares e interessados sobre o tema, aumenta de forma direta e proporcional ao nível de
informação e conhecimento de qualidade a que tem acesso. Desta forma, a disseminação de
informação e conhecimento é um pré-requisito essencial para possibilitar ações e mudanças
efetivas nas práticas de inclusão e no desenvolvimento de uma nova cultura social que,
verdadeiramente, quebre paradigmas e surpreenda positivamente todas as pessoas que abram
os espaços de convivência apoiados pelo conhecimento e segurança que o Guia da Inclusão
propõe oferecer na área da deficiência intelectual.
Além disso, esta iniciativa permite que a discussão se torne visível para leitores que
não estão no eixo dos grandes centros privilegiado por palestras, exposições e eventos que
acontecem com mais frequência, expandindo desta forma, as fronteiras do conhecimento.
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de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098,
de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção
da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá
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BOUERI, I. Z. Instituições residenciais para pessoas com deficiência intelectual: um
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176
�(Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, Universidade Federal de
São Carlos, São Carlos, 2014.
MAIA, A. M. de C. O trabalhador com deficiência na organização: um estudo sobre o
treinamento e desenvolvimento e a adequação das condições de trabalho, 2014. 122f.
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177
�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 20 - Ano: 2018 (UFBA - Salvador/BA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: O Futuro da Biblioteca Universitária na Perspectiva do Ensino, Inovação, Criação, Pesquisa e Extensão.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Guia da inclusão: uma inovação para inclusão social.
Creator
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Poppe, Flavia; Motta, Janaina; Freitas, Zoraide Ribeiro; Alves, Eliane
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2018
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
O artigo refere-se às fases de elaboração para a criação de um Guia de Inclusão para Pessoas com Deficiência, que reunirá todas as informações dos serviços públicos e privados existentes no Estado do Rio de Janeiro, com a finalidade de facilitar a vida cotidiana das pessoas com deficiência, bem como seus familiares, profissionais e especialistas na área da Deficiência Intelectual. O seu principal objetivo é buscar e oferecer informações, que possam orientar e direcionar sobre algumas de suas necessidades, colaborando para o desenvolvimento, qualidade de vida e inclusão social das pessoas com deficiência. Para tanto será elaborada uma ferramenta de busca que possa indicar e orientar de maneira rápida, segura e simples, sobre profissionais e instituições que ofereçam recursos destinados à diagnóstico, terapias, educação e socialização de pessoas em condição de deficiência intelectual. O Guia se insere num projeto maior que está sendo desenvolvido em uma parceria do Instituto JNG – Projetos de Inclusão Social com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, que é a criação da Plataforma de Integração de Informação para Pessoas com Deficiência.
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