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BIBLIOTECAS HOLANDESAS
UM PANORAMA DOS ÚLTIMOS DEZ ANOS: 1997-2006
Celina Leite Miranda
Mestre em Ciência da Informação pela
Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Bibliotecária-chefe da Escola de Enfermagem
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Rua São Manoel, 963, Porto Alegre, RS, Brasil.
E-mail: celina@ufrgs.br
Isabel Merlo Crespo
Mestre em Comunicação e Informação pelo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação
e Informação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
Bibliotecária da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul.
Av. Ipiranga, 6681, Porto Alegre, RS, Brasil.
E-mail: icrespo@pucrs.br
Ana Vera Finardi Rodrigues
Mestre em Ciência da Informação pela
Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Bibliotecária-chefe da Faculdade de Veterinária
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Av. Bento Gonçalves, 9090,
Porto Alegre, RS, Brasil.
E-mail: anavera@ufrgs.br
�2
RESUMO
Estudo
comparativo
resultante
de
visitas
técnicas
a
bibliotecas
universitárias e públicas da Holanda, nas cidades de Amsterdam, Breda,
Eindhoven, Rotterdam, Tilburg e Utrecht, entre 1997 e 2006. Em forma de pôster,
visa apresentar as principais características dessas bibliotecas. A análise foi
realizada através de visitas periódicas, com observação local, coleta de material e
ensaios fotográficos. Baseado em bibliografia sobre bibliotecas holandesas,
universitárias e públicas, descreve os fatores utilizados para obter ampla procura
pelo público, facilidades de localização e de acesso, diversidade de recursos e
serviços
oferecidos,
padronizações
em
sistemas
automatizados
e
de
classificação, busca em propiciar a independência do usuário através de selfsevices, onde ele próprio pode fazer cópias, empréstimos, devoluções, usando
serviços presenciais; além dos oferecidos virtualmente. Há preocupação em
tornar o ambiente agradável, através de projetos arquitetônicos voltados para
bibliotecas, buscando designs modernos e arrojados sem perder o atendimento
humano, mesmo utilizando tecnologia de ponta. Além disso, observa-se
preocupação constante com a segurança dos usuários, acervo, e sinistros.
Conclui-se, entre outros fatores, que além do interesse em captar o usuário e
tornar a informação, através da tecnologia, cada vez mais de acesso público e
irrestrito, há preocupação de manter-se inserida na comunidade local, cumprindo
o seu papel.
Palavras-chave: Bibliotecas universitárias. Bibliotecas públicas. Serviços de
biblioteca: tendências.
1 INTRODUÇÃO
Através de visitas técnicas no período de 1997 a 2006, inclusive, este
trabalho resulta de um estudo comparativo sobre bibliotecas universitárias e
�3
públicas em províncias do centro e do sul da Holanda, nas cidades de
Amsterdam, Breda, Eindhoven, Rotterdam, Tilburg e Utrecht. Os objetivos da
observação e comparação das bibliotecas visitadas foram: apresentar suas
características principais e definir seu perfil, nesses últimos dez anos.
2 METODOLOGIA
Foram selecionadas seis cidades holandesas para visitas técnicas:
Amsterdam, capital do país; Breda; Eindhoven, cidade universitária; Rotterdam,
maior porto marítimo do mundo e a segunda cidade mais populosa do país;
Tilburg, cidade universitária; e Utrecht. A análise dessas bibliotecas foi feita
através de visitas periódicas em dias e horários variados, com observação local,
anotações e coleta de material informativo e ensaios fotográficos autorizados. As
primeiras visitas ocorreram em fevereiro de 1997 e, dez anos depois, em março
de 2006, as mesmas bibliotecas foram visitadas. Através de consulta às páginas
eletrônicas das bibliotecas e seus catálogos automatizados, e à busca
bibliográfica sobre o tema, foi possível complementar o trabalho.
3 SOBRE O PAÍS
A Holanda é conhecida de diversas formas. Em Inglês, The Netherlands,
Holland, Pays Bas; em Português, Holanda, Países Baixos; e em Holandês,
Koninkrijk der Nederlanden (Reino da Holanda), ou Nederland. Situada no oeste
da Europa, faz fronteira com Alemanha e Bélgica, tem uma área de 41.526 km2
(ALMANAQUE..., 2006), incluindo as águas dos canais - para que se tenha uma
idéia, o Estado do Rio de Janeiro tem quase 43.700 km2 (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, [2006]).
�4
Um país onde não há registros de analfabetismo, na Holanda a leitura é
vista em todos os lugares: cafés, trens, ônibus, metrôs de superfície e parques,
etc. Assim que os holandeses se alfabetizam oficialmente em Holandês, passam
a estudar Inglês, que os acompanhará por toda a vida estudantil. Os jovens, em
geral, falam Inglês e Alemão. A população mais idosa, no entanto, foi educada
pelo sistema anterior, quando Francês era primordial. É um país que não está
isolado pela barreira do idioma - interage com o mundo inteiro, facilitando o
desenvolvimento do país, abrindo fronteiras comerciais e industriais, e recebendo
pessoas de outros países, sejam elas moradoras ou turistas.
O benefício desse modelo de ensino, portanto, é coletivo, e isso se reflete
nos sistemas de bibliotecas: no relacionamento e na prestação de serviços. O
idioma Inglês está presente em todas as bibliotecas universitárias e públicas, e
em muitas páginas eletrônicas e catálogos automatizados. Outra vantagem é que
o acervo nas bibliotecas universitárias pode, portanto, ser composto por obras em
Inglês com muita tranqüilidade. Os jornais diários que as bibliotecas públicas
assinam são de diversos países e, portanto, em vários idiomas.
Embora conste em algumas fontes que a invenção dos tipos móveis tenha
ocorrido na Coréia, em 1392; e, em 1447, o alemão Johann Gutenberg tenha
inventado a prensa de impressão, “processo que viria possibilitar a produção em
massa da palavra impressa” (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS, [2003?]),
na Holanda, porém, há outros registros. A Holanda (Foto 1) orgulha-se de sua
História relacionada ao tema, e conta que a invenção da imprensa de tipos
móveis, ou tipografia, é creditada a Lourens Janszoon Coster (1405-1484),
quando morou em Haarlem entre 1436 e 1483, e lançou a primeira obra impressa
do mundo, em 1446, denominada Speculum humanae salvationes (COSTER,
2002). Na praça principal de Haarlem, a cidade presta sua homenagem ao
inventor, através de um monumento (Foto 2). Alguns autores questionam esses
registros, outros consideram o tema de uma polêmica sem fim. Dos mais antigos
jornais do mundo, ainda em circulação, o Haarlems Dagblad, (Diário de Haarlem)
�5
é o segundo mais antigo e nasceu em 1656, na Holanda (ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE JORNAIS, [2003?]).
Foto 2 – Estátua em homenagem a Lourens
Foto 1 – Mapa da Holanda com algumas
Coster (1405-1484) em Haarlem.
cidades.
Fonte:www.lonelyplanet.com/destinations/eur Fonte: www.euronet.nl/~jonkr/haarlemweb/
pages/haarlhl.htm.
ope/netherlands.
Incontestável, porém, é que na Holanda nasceram importantes empresas
do ramo biblioteconômico, tais como, Springer-Verlag, Elsevier, Kluwer, Swets,
Brill e EBSCO. A própria IFLA (International Federation of Library Associations
and Institutions) tem sua sede nesse país, em Den Haag (Haia).
Há pelo menos 512 bibliotecas governamentais na Holanda (VAN
VLIMMEREN, 2003, f. 2) e o sistema de bibliotecas públicas é integrado e
unificado ao da Bélgica. Em geral, é composto por uma biblioteca central que
abriga o acervo mais antigo e completo, e bibliotecas de bairro que, com acervo
atualizado, facilitam o acesso dos cidadãos e atendem às suas necessidades
diárias. Os horários variam: muitas abrem aos sábados e fecham às segundasfeiras pela manhã, e algumas abrem aos domingos. Os cafés das bibliotecas
podem ter entrada e horários independentes e oferecem: jornais diários; mesas
para leitura ou consumo; central de informações culturais da cidade (UITpunt) e
terminal para consulta ao catálogo da biblioteca. Destacam-se algumas
curiosidades: os usuários fazem grandes retiradas a cada visita à biblioteca (de
livros, CDs, DVDs, discos em vinil, partituras, fitas) de gêneros variados e para a
família toda. As bibliotecas dispõem de dicionários especializados em Palavras
Cruzadas; obras sobre imposto de renda (se estrangeiro, com dicionário); guias
turísticos, obras temáticas e atlas para planejamento de viagens; etc. Para idosos
�6
e pessoas com alguma deficiência visual, obras com tamanho de fonte maior que
o habitual, com codificação colorida na lombada. Conforme ilustra o Quadro a
seguir, em geral, as bibliotecas preocupam-se em: ampliar a procura pelo público,
buscando-se lugares de fácil acesso para sua localização física; diversificar
recursos e serviços; primar por padronizações em sistemas automatizados e de
classificação, nacionais e internacionais; propiciar a independência do usuário
através de self-services; planejar seu espaço físico visando tornar agradável o
ambiente (através de projetos arquitetônicos específicos para seu fim, arrojados e
modernos, enfocando a humanização do atendimento, sem deixar de acompanhar
a tecnologia); observar a segurança de usuários, da equipe, do acervo, prevendo
sinistros, o que se reflete na adequação de prédios, ambientes e sistemas
automatizados.
Características - oferecem informações sobre acesso, endereço, vias próximas, e transporte;
- facilitam o acesso através de rampas, elevadores, entradas e corredores
gerais
amplos;
- instalam-se em locais de grande circulação pública, fácil acesso, e
providas de estacionamentos em suas proximidades, para automóveis e
para bicicletas;
Localização
- as públicas, junto a Teatros, Correios, Telefônica, Estação de metrô,
Centros Comerciais, pontos turísticos;
- as universitárias, em pontos centrais do campus, junto ao restaurante
universitário, etc.;
- históricas ou de arquitetura moderna e arrojada;
Fachadas
- mobiliário moderno e arrojado:
- as públicas, com:
-mobiliário apropriado ou adaptado, conforme a faixa etária;
-salas especiais, com isolamento acústico, que permitem ao
usuário tocar estrofes de partituras para decidir se vai efetuar o
Interiores
empréstimo;
-setores adaptados, por ex., com podium para crianças
devolução de jogos em Breda e em Eindhoven;
-espaço de integração com escolas, ex.: Galeria de arte infantil;
-exposições temáticas, de peças de museus, peças em cartaz
nos teatros da cidade ou da região;
- recursos tecnológicos especiais demarcando áreas e funções, ex.:
computadores diferentes, conforme a finalidade de utilização;
- páginas da Internet e recursos tecnológicos bilingües – Inglês e
Holandês.
Área técnica - material de divulgação da biblioteca bilingüe – Inglês e Holandês.
- as públicas, com: catálogo padronizado e integrado Holanda e
Bélgica; sistema de classificação pictográfica padronizado para a
área de literatura; etiqueta colorida para Identificação de obras
para usuários com dificuldade visual parcial.
Continua...
�7
continuação.
Auto-serviços Serviços
virtuais
-
empréstimo e devolução com comprovante impresso;
cópia reprográfica, impressão, guarda-volumes;
aquisição de crédito para uso de Internet e Office;
workshops pela Internet;
nas públicas:
- vínculo com a vida cultural da região através de setor de
informações onde também podem ser feitas reservas para teatros,
cinemas e museus (UITpunt).
- espaço de convivência com café, que oferece;
- mobiliário moderno e arrojado;
Outros
- espaço integrado com o acervo;
serviços
- apelo ao público infantil para jogos eletrônicos e Internet ;
- integração com os eventos culturais da cidade;
- integração com o público de outros países e culturas através de
seus jornais diários;
- pode ter horário maior e entrada independente da biblioteca –
estimula a freqüência à biblioteca.
Quadro – Panorama das bibliotecas holandesas, em linhas gerais.
Moderna e dinâmica sim, tradicional, também. É comum na Holanda haver
o Dia de Compras. Trata-se de um dia fixo na semana, onde boa parte do
comércio fica aberto até mais tarde. O dia varia de uma cidade para outra e
muitas bibliotecas fazem parte dessa tradição secular, bem como alguns postos
de correio, bancos, etc. O consumidor holandês é exigente e aprecia a novidade e
a tecnologia, o que se reflete na automação: bilhetes de trem emitidos em
máquinas nas calçadas, Internet nas ruas (Foto 3), portos e transportes coletivos
automatizados. Em 1994, os condutores de ônibus já dispunham de rádio (úteis
quando há: engarrafamento, usuários em busca de conexão com outro ônibus,
pessoas perdidas, etc.) e controle remoto de semáforos, usados para abrir o sinal
e garantir pontualidade dos ônibus.
Foto 3 –Internet e telefone públicos na
calçada, Amsterdam, 5 maio 1997.
Foto 4 – Bicicletas sob neve junto à estação de
trem, em estacionamento público, Delft,
3 março 2006.
Dos meios de transporte individuais, a bicicleta é tão ou mais importante
que o automóvel, com 13 milhões de bicicletas no país (Foto 4). Por exemplo, “um
�8
em cada três deslocamentos na Holanda é de bicicleta [e] o país tem milhares de
ciclovias vedadas a carros” (HOLANDESES..., 2006, f. 1). A legislação de trânsito
para elas exige dos ciclistas muita atenção em sua manutenção e condução, tais
como, dar sinal de conversão à direita ou à esquerda, acionamento de faróis
conforme horário e condições climáticas, espelho retrovisor, obediência aos
semáforos, respeito aos pedestres, estacionamento em locais permitidos, etc.
Aqueles que têm alguma dificuldade de locomoção, tais como, idosos e
deficientes, contam com cadeiras e macas eletrônicas onde o próprio usuário é o
condutor. É um meio de locomoção respeitado pelos condutores de outros
transportes e igualmente tem regras a seguir no trânsito (espelho, iluminação,
obediência a sinais).
Para saber mais, a página eletrônica http://www.nederland.starttips.com/ traz
links para páginas oficiais de cidades e de bibliotecas da Holanda.
3.1 Amsterdam
Capital da Holanda, sua população é de mais de 715 mil pessoas
(ALMANAQUE..., 2006). Nas bibliotecas públicas, uma central e 24 de bairro
(Foto 5), o sistema de classificação para literatura segue o padrão nacional (Foto
6).
Foto 5 – Uma das 25 bibliotecas públicas em
8 maio 1997.
Foto 6 – Sistema pictográfico na seção
infantil, 8 maio 1997.
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3.2 Breda
Com mais de 120 mil habitantes, o transporte coletivo interno conta com
linhas de ônibus e, para sair da cidade, linhas de trens. O final das linhas de
ônibus situa-se junto à estação de trem. O Dia de Compras é quinta-feira e a
cidade conta com a universidade pública Open Universiteit Nederland.
As novas instalações da Centrale Bibliotheek Breda (pública) datam de
1998, e o projeto arquitetônico de Herman Wertzberger é moderno e dinâmico
(Fotos 7 e 8). Nas segundas-feiras, apenas o Café da Biblioteca abre. Nesse dia,
a Biblioteca oferece cursos e palestras especiais. De terça a sexta, seu horário é
das 11 às 20h e, aos sábados, das 11 às 16h. Sua localização é privilegiada, no
ponto mais central da cidade, junto à principal rua comercial, shopping, prefeitura,
igreja matriz (transformada em museu) e nova catedral, bares, cafés e lojas de
souvenirs para turistas. Festas e reuniões populares de grande aglomeração
ocorrem junto à rua da Biblioteca, tais como: feiras semanais, carnaval e desfiles
de moda. Situa-se ainda junto ao Correio, à Telefônica, e ao prédio que abriga o
Teatro e o Cassino. A Biblioteca é cercada de estacionamentos para bicicletas:
coberto e fechado, público e gratuito.
Foto 7 – Centrale Bibliotheek Breda, em
março 2006.
Foto 8 – Interior da mesma biblioteca, em
março 2006.
�10
3.3 Eindhoven
Com mais de 200 mil habitantes (EINDHOVEN, 2006), o transporte coletivo
de Eindhoven ocorre por meio de trens e ônibus, e não por metrô de superfície,
como ocorre em Amsterdam e Den Haag. Assim como trens ocupam
provisoriamente uma plataforma em sistema de rodízio e o usuário controla,
através de painel eletrônico, plataforma e horário de partida, na mesma Estação
Central de Trens, encontra-se o ponto final dos ônibus, com painel próprio. O Dia
de Compras da cidade é sexta-feira.
Embora a história da cidade comece por volta de 1232, Eindhoven
desenvolveu-se por estar na rota comercial e, especialmente, séculos depois,
quando lá instalou-se uma indústria eletrônica, a Philips, que gerou outras
necessidades para a população (EINDHOVEN, 2006). A cidade cresceu em torno
dela, com escolas, estádio de futebol, comércio, etc. A empresa, com o tempo,
fundou uma universidade a fim de formar e qualificar técnicos e engenheiros que
trabalhariam, principalmente, na própria indústria. Dessa necessidade, foi criada a
Technische Universiteit Eindhoven. No Campus universitário, os prédios são
interligados por passarelas e suas bibliotecas compõem um sistema: uma
biblioteca central e seis departamentais.
A biblioteca pública principal (Foto 9) mudou-se recentemente para um
ponto mais central, e ocupa dois andares de um prédio que já existia, adaptados
para abriga-los. A classificação pictográfica segue o padrão nacional (Foto 10).
Foto 9 – Openbare Bibliotheek Eindhoven quando Foto 10 – Sistema de classificação na
mesma biblioteca, 3 maio 1997.
era em shopping, em 3 maio 1997.
�11
3.4 Rotterdam
Em uma cidade com o maior porto do mundo e quase 600 mil habitantes
(ROTERDÃO, 2006), justifica-se ter sua Biblioteca Pública Central com uma
arquitetura que lembre um navio (Foto 11). Essa biblioteca, em 1972, era tão
automatizada, que um robô buscava os livros nas estantes. Porém, a população
local sentiu falta do ser humano e solicitou o retorno ao sistema antigo, o que lhe
foi atendido. As 24 bibliotecas públicas usam a classificação pictográfica (Foto
12).
Foto 11 – Biblioteca Pública junto à estação de trem, Foto 12 – Mesma biblioteca, sistema
em 22 janeiro 1997.
pictográfico, em 22 janeiro
1997.
3.5 Tilburg
Tilburg situa-se a 10km da fronteira com a Bélgica, na Midden Brabant, ou
seja, na Brabante Central, tem mais de 200 mil habitantes (TILBURG, 2006), e
seu Dia de Compras é sexta-feira. O sistema de bibliotecas públicas é composto
por uma biblioteca principal e 13 de bairro. O horário da Biblioteca Central, a
Bibliotheek T’WEB koningsplein (Foto 13), é: de segunda a quinta-feira, das 11 às
20h; sextas-feiras, das 11h às 17h; sábados, das 11 às 20h e domingos, das 13
às 17h.
�12
D
D
Foto 13 – Openbare Bibliotheek (Biblioteca
Pública), 28 março 1996.
Foto 14 – Máquina de auto-devolução na
biblioteca pública., 16 fevereiro 1996.
Da Katholieke Universiteit Brabant (KUB), hoje, Universiteit van Tilburg,
surgiu o TICER (Tilburg Innovation Centre for Electronic Resources), importante
centro de tecnologia com cursos modulares oferecidos e conhecidos através do
International Summer School on the Digital Library (hoje, International TICER
School), atualizando bibliotecários e publicadores. Sua Biblioteca, cujo novo
prédio foi inaugurado em 1992 com 250 estações de trabalho (para consulta ao
catálogo, às bases de dados e redação de textos), utiliza o software PICA (Project
for Integrated Catalogue Automation), uma rede criada em 1972 com onze
bibliotecas holandesas (GELEIJNSE, 1992). A biblioteca estimula os bibliotecários
da equipe para o desenvolvimento de pesquisa científica no setor em que atuam.
Voltada à automação, possui serviços de auto-empréstimo (Lendomat – máquina
de auto-empréstimo) e de auto-devolução (Foto 14). A auto-retirada pode ser feita
em máquinas dispostas em vários locais da biblioteca e funciona com o cartão do
usuário, que possui chip. O sistema desmagnetiza a obra e emite comprovante de
retirada com: nome do leitor, título da obra, data em que deverá ser devolvida. A
auto-devolução também pode ser feita nessas máquinas que podem ainda
bloquear uma retirada e informar a situação “bancária” do usuário. As obras
devolvidas nesse sistema devem ser acomodadas em coletoras próprias.
Instalado no hall da Biblioteca Central há um serviço de auto-devolução que
consiste em um sistema, onde o próprio usuário posiciona a obra no
compartimento, que se fecha através de porta acrílica transparente e a obra é
afastada do indivíduo (Foto 14). Uma vez posicionada corretamente, o sistema lê
e reconhece a obra devolvida dando baixa automaticamente através do código de
�13
barras, magnetizando-a e emitindo, nesse instante, um comprovante impresso.
No caso de haver taxa por atraso, esta vai se somando a outras despesas do
usuário relativas a qualquer outro serviço que a universidade ofereça, como por
exemplo, de impressão, máquinas de café e refeições da cantina. O horário
normal dessa biblioteca, excetuando períodos de recesso escolar e feriados
nacionais, é: de segunda a sexta-feira das 8 às 21h 30min e aos sábados, das 9
às 16h.
3.6 Utrecht
A população é de mais de 250 mil pessoas e a Universidade de Utrecht é a
maior da Holanda, com mais de 60.000 estudantes (UTRECHT, 2006). A
Biblioteca Pública Central (Fotos 15 e 16) e doze, das quatorze bibliotecas de
bairro, podem ser vistas na página eletrônica da cidade com opção de texto em
Inglês (UTRECHT, 2006). Os usuários adultos podem retirar até 15 itens, as
crianças, até 10 itens, e o valor das taxas variam conforme a idade (há casos de
gratuidade para crianças e descontos para idosos). Seu horário é: segunda-feira,
das 13 às 21h; terças e quartas, das 11 às 18h; quinta, Dia de Compras, das 11
às 21h; sexta-feira, das 11h às 18h; e sábados, das 10 às 17h.
Foto 15 – Gemeentebibliotheek Utrecht - Biblioteca
Municipal de Utrecht, em 15 janeiro 1997.
Foto 16 – Exemplo de mobiliário
dessa biblioteca, 15
janeiro 1997.
�14
4 CONSIDERAÇÔES FINAIS
Observou-se que os recursos utilizados nas bibliotecas visitadas:
incentivam a freqüência de leitores; facilitam o acesso; respeitam a identidade de
cada grupo de usuários; facilitam a busca, virtual ou de sinalização da biblioteca,
integrando acervos em um mesmo sistema. Embora todas sigam o mesmo
padrão, cada biblioteca mantém sua identidade. De acordo com a observação
realizada de 1997 a 2006, os sistemas evoluíram sem perder sua essência.
Algumas mudanças implementadas, observadas, foram: investimento em
automação e equipamentos de auto-serviços; busca de conforto de usuários e
melhores condições físicas através de novos prédios; adaptação e previsão de
crescimento
de
acervos.
Conclui-se
que,
através
do
acompanhamento
tecnológico implementado, há uma forte convicção em atrair o usuário e tornar a
informação cada vez mais de acesso público e irrestrito. Além disso, constata-se
a preocupação em manter-se inserida social e culturalmente, na comunidade
local, cumprindo seu papel, seja ela universitária ou pública.
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�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
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SNBU - Edição: 14 - Ano: 2006 (UFBA - Salvador/BA)
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Biblioteconomia
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Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
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Tema: Acesso livre à informação científica e bibliotecas universitárias.
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A name given to the resource
Bibliotecas holandesas: um panorama dos últimos dez anos: 1997-2006.
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2006
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Description
An account of the resource
Estudo comparativo resultante de visitas técnicas a bibliotecas universitárias e públicas da Holanda, nas cidades de Amsterdam, Breda, Eindhoven, Rotterdam, Tilburg e Utrecht, entre 1997 e 2006. Em forma de pôster, visa apresentar as principais características dessas bibliotecas. A análise foi realizada através de visitas periódicas, com observação local, coleta de material e ensaios fotográficos. Baseado em bibliografia sobre bibliotecas holandesas, universitárias e públicas, descreve os fatores utilizados para obter ampla procura pelo público, facilidades de localização e de acesso, diversidade de recursos e serviços oferecidos, padronizações em sistemas automatizados e de classificação, busca em propiciar a independência do usuário através de self-sevices, onde ele próprio pode fazer cópias, empréstimos, devoluções, usando serviços presenciais; além dos oferecidos virtualmente. Há preocupação em tornar o ambiente agradável, através de projetos arquitetônicos voltados para bibliotecas, buscando designs modernos e arrojados sem perder o atendimento humano, mesmo utilizando tecnologia de ponta. Além disso, observa-se preocupação constante com a segurança dos usuários, acervo, e sinistros. Conclui-se, entre outros fatores, que além do interesse em captar o usuário e tornar a informação, através da tecnologia, cada vez mais de acesso público e irrestrito, há preocupação de manter-se inserida na comunidade local, cumprindo o seu papel.
Language
A language of the resource
pt