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1
ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA A LUZ DA TEORIA DA GESTÃO DO
CONHECIMENTO: A LISTECA COMO FERRAMENTA DE UMA CONSTRUÇÃO
DE APRENDIZAGEM NA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA1.
Maria de Lourdes Teixeira da Silva2
Mônica Marques Carvalho3
“Se antes a terra, e depois o capital eram os fatores de
produção... hoje o fator decisivo é cada vez mais, o
homem em si, ou seja, seu conhecimento”
Papa João Paulo II
RESUMO
O estudo apresentado aborda uma experiência de Gestão do Conhecimento (GC)
em um ambiente de biblioteca universitária através do uso de uma Lista de
Discussão (LD), sob a análise comparativa da prática versus a teoria. Trata de uma
metodologia para a consecução de resultados positivos promovidos através do
compartilhamento de saberes, valorização do capital humano e intelectual, e na
criação de um ambiente colaborativo. Discorre ainda sobre este novo paradigma que
se configura na sociedade atual, onde apresentamos como elementos chave
propulsores, a informação, o conhecimento, a aprendizagem e as novas tecnologias.
Os resultados desta experiência evidenciam na prática as contribuições da GC no
ambiente da biblioteca, onde destacamos a evolução do grupo, no que se refere ao
aprendizado, a criatividade e ao relacionamento interpessoal.
Palavras-chave: Gestão do conhecimento. Aprendizagem colaborativa.
1 INTRODUÇÃO
A informação tem se configurado, na atual sociedade, como o principal
bem econômico do séc. XXI; o desenvolvimento, a conseqüente evolução e a
consagração da chamada sociedade da informação, que trouxe em seu bojo não
somente em relação à explosão informacional, mas um repensar de práticas, de
1
Artigo originalmente apresentado à Coordenação do Curso de Especialização em Gestão
Estratégica de Sistemas de Informação, como trabalho final para obtenção do grau de especialista.
2
Especialista em Gestão Estratégica de Sistemas de Informação. Bibliotecária Coordenadora da
Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do RN – FARN. R. Prefeita Eliane Barros, 2000 – Tirol
– 59014-540 – Natal / RN – Brasil E-mail: farn@farn.br; lourdes@farn.br.
3
Professora orientadora – DEBIB, Mestre em Ciência da Informação.
�2
posturas, e de aprendizado. Ancorada em teorias de grandes pensadores como
Toffler, Massuda, Bel,4 entre outros, a sociedade da informação criou uma
necessidade de uma utilização consciente deste recurso (informação), de forma a
torná-lo o principal ativo de produção,
possibilitando o fortalecimento das
organizações e modificando o comportamento dos indivíduos.
Considerando o conhecimento como a palavra-chave que está diretamente
atrelada aos desafios modernos das organizações. É passivo afirmar que as grandes
transformações, advindas principalmente do avanço tecnológico, provocaram
mudanças significativas na sociedade pós-industrial, encaminhando-a para uma nova
visão, de uma sociedade fundamentada na informação e no conhecimento, onde
estes possuem o valor de agregação às corporações.
Nesta perspectiva, a informação precisa estar estruturada, registrada e
organizada. Assim, a Gestão do Conhecimento apresenta-se com o propósito de
tornar as experiências pessoais de cenários, costumes e o know-how compartilhados
e eternizados no âmbito organizacional.
Neste sentido, discorreremos a respeito da Gestão do Conhecimento,
conceitos, aplicações, importância, ferramentas utilizadas e o ambiente de
aprendizagem colaborativa que este proporciona.
Apesar de se tratar de um tema bastante discutido nos dias atuais, o
estudo do mesmo de certo refletirá diretamente sobre um contexto específico,
apontando as vantagens de promover a aprendizagem pela prática; a valorização do
capital intelectual interno; a utilização das novas tecnologias e a socialização do
conhecimento, além do que estudar a GC nos permitirá ampliar o raio da
compreensão sobre a teoria versus a práxis, e dada a importância do assunto,
parece conveniente dizer que as organizações de vanguarda estão utilizando a GC,
como uma estratégia para melhoria de seus processos e de um melhor desempenho
nos mercados de atuação. No caso específico desse estudo, optou-se pelo uso da
4
Teóricos pioneiros da abordagem sobre a sociedade da informação.
�3
Internet com a utilização de uma lista de discussão5, como ferramenta auxiliar no
processo de GC.
A Gestão do conhecimento constitui-se em estruturar, difundir e utilizar o
conhecimento das pessoas de uma organização, cujos propósitos giram em torno
das
experiências
dos
indivíduos
com
vistas
ao
compartilhamento
desse
conhecimento entre seus membros, em que o conhecimento tácito se transforma em
um elemento ponte para o explícito, e na medida em que ocorre a sistematização
deste fluxo, poderemos observar o desenvolvimento da GC. Corroborando com
nosso pensamento, Nonaka; Takaeuchi (1997 apud MEDEIROS, 2005, p. 4, grifo
nosso) discorrem que:
A Gestão do Conhecimento tem por objetivo principal caracterizar o fluxo do
conhecimento na organização através da interação do conhecimento
tácito - que é gerado e compartilhado entre os colaboradores da
organização – com o conhecimento explícito, presente na organização, sob
a forma de arquivos, de documentos [...]
Desta forma, ressaltamos ser de fundamental importância o ato de
compartilhar num ambiente, no qual se apregoa a GC, como instrumento para
realização de mudanças. E com vistas a estas afirmativas, objetivamos para fins
desse estudo confrontar a fundamentação teórica da Gestão do Conhecimento em
relação à práxis adotada pela LISTECA6, e em conseqüência disso, mais
especificamente analisar a relação existente entre a teoria da Gestão do
Conhecimento e a prática proposta na listeca, como também, aprimorar esta prática
utilizando a fundamentação teórica nos seus conceitos e ferramentas; tendo como
estruturação do estudo a presença da sociedade da informação na GC, a questão do
conhecimento tácito e explícito, o seu compartilhamento, como também, amparados
nos conceitos e históricos apresentamos uma metodologia própria enfocando os
pontos positivos e algumas reflexões de como melhor conduzir esta experiência
5
Sistema de e-mail semelhante ao correio eletrônico. Permite a formação de grupos com a finalidade
de discutir assuntos específicos, através de mensagens que são redistribuídas automaticamente para
os inscritos na lista.
6
Lista de discussão dos funcionários da Biblioteca da Faculdade Natalense para o Desenvolvimento
do Rio Grande do Norte.
�4
2 O CONHECIMENTO COMO SUSTENTAÇÃO À GC
A humanidade tem registrado seu conhecimento desde os tempos mais
remotos da sua existência. Estes registros são encontrados desde as figuras
rupestres, os ciclos da natureza, os saberes, enfim, consagram-se o registro de
informações, e estes registros têm contribuído significativamente para a evolução da
humanidade.
Na sociedade contemporânea o registro do conhecimento tem se tornado
uma prática cada vez mais utilizada no âmbito organizacional, despontando como
diferencial competitivo e estratégico para as corporações, que preocupadas em
registrar suas práticas busca na fundamentação e metodologia da GC o caminho
para consecução do sucesso. Diante dessa realidade há de se considerar o valor do
capital intelectual, este bem intangível, oculto no outro, no nosso parceiro de
atividades do ambiente de trabalho, onde convém ressaltar que definir o que seja o
capital intelectual tem sido alvo de diversos estudos. Para Stewart, (apud KARSTEN;
BERNHARDT, 2005, p. 3) o capital intelectual é formado pelo “conjunto de
conhecimentos e informações encontrado nas organizações, que agrega valor ao
produto/serviço, mediante a aplicação da inteligência e não do capital monetário ao
empreendimento”, corroborando com esta premissa Edvinsson; Malone (1988, p. 19
apud KARSTEN; BERNHARDT, 2005, p. 3), discorrem que:
O capital Humano corresponde a toda a capacidade, conhecimento, habilidade
e experiência individuais dos empregados de uma organização para realizar
as tarefas. Já o Capital Estrutural é formado pela infra-estrutura que apóia o
capital humano, ou seja, tudo que permanece na empresa quando os
empregados vão para casa.
Ao que reforçamos através da premissa de que o capital intelectual,
formado pelo dia-dia das experiências e pela acumulação do conhecimento explícito,
muitas vezes está à mercê de uma conscientização da sua importância, para de fato
merecer o reconhecimento e valorização no processo produtivo de uma organização.
�5
O fato é que o modelo que se desenha à luz da gestão do conhecimento,
concebe a estrutura de capital humano + capital estrutural = capital intelectual, cujos
insumos base serão a informação, o conhecimento e a aprendizagem.
Apontando para a tríade dado, informação e conhecimento, vemos que na
sociedade pós-moderna, a valorização da informação/conhecimento representa outro
pensamento diferentemente da sociedade capitalista, onde no contexto atual
ressaltamos o pensamento de Mariotti (1999, p. 15 apud BABITONGA, 2005, p. 1)
que diz ”É na combinação do conhecimento com a sabedoria que está o ponto
central da questão. Essa combinação forma o que chamamos de conhecimento
sábio”. Ao que questionamos, estaremos então diante de uma nova tríade? Parece
conveniente dizer que o conhecimento sábio estaria no terceiro nível do
conhecimento seria um estágio mais elaborado do conhecimento, onde a
transformação do conhecimento tácito, no explícito seria importante, mas não
determinante, a determinância estaria em saber como este seria utilizado de modo a
ser realmente algo transformador, de ambientes, processos e pessoas. E ainda no
pensamento de Montaigne (apud ANGELONI, 2003, p. 156) que ressalta “podemos
ser conhecedores com o conhecimento dos outros, mas não podemos ser sábios
com a sabedoria dos outros.” A junção destes três saberes, confluiria para a GC, de
forma a ser delineada na estrutura a seguir:
Conhecimento tácito
Conhecimento explícito
Gestão do conhecimento
Conhecimento sábio
A partir desta tríade apontamos o conhecimento tácito como a bagagem
individual de crenças e práticas advindas dos seu conhecimento diário. Já Polany
(1995 apud MEDEIROS, 2005, p. 2) descreve conhecimento tácito como “aquele
representado pelas experiências individuais, trocado e compartilhado [...]”. Para
�6
Melo, (2003, p. 34) “trata-se de um tipo de conhecimento incorporado ao seu ser que
muitas vezes sequer tem consciência da sua existência”.
Já do conhecimento explícito, podemos afirmar que este encontra-se
associado ao formal, estruturado, da escola, da universidade e das corporações.
Diante destas considerações é relevante buscar na história da GC a inter-relação dos
conteúdos já abordados, apresentado alguns conceitos e sua evolução.
2.1 Conceitos e histórico
O contexto histórico da Gestão do Conhecimento, vista como objeto de
estudos, data da década de 1990, onde destacam-se Hirotaka Takeuchi e Ikujiro
Nonaka, como os introdutores da Gestão do Conhecimento, no mundo das
corporações. Posteriormente, encontraremos estudos desenvolvidos por Schon e
Prax sobre a organização do conhecimento, destes estudos resultaram um modelo
alternativo para a construção de uma organização do conhecimento, baseada em
três dimensões, quais sejam: a dimensão infra-estrutura organizacional, a dimensão
pessoas e a dimensão tecnologia, tendo como embasamento teórico a contribuição
de diversos teóricos ligados ao tema, tais como: Hirotaka Takeuchi e Ikujiro Nonaka,
Jay K. Galbraith, Peter M. Senge, Thomas H. Davenport, entre outros autores
contemporâneos. É lícito supor que o ciclo da Gestão do Conhecimento se apresenta
ainda em seus estágios iniciais, o caráter evolutivo são constantes e o seu
panorama com certeza, terá o seu norteamento ligado a descobertas e adaptações,
sem entretanto perder de vista o artífice principal do processo que é o capital
humano e seus ativos intelectuais. O quadro a seguir representa uma linha de
pensamento da G C.
WIIG (1993)
Como as pessoas e
organizações
criam,
representam e utilizam
o conhecimento
NONAKA e TAKEUCHI (1995)
A criação do conhecimento
nas organizações: como as
empresas japonesas criam a
dinâmica da inovação.
QUADRO 1 – Estágios iniciais da Gestão do Conhecimento
Fonte: Adaptado a partir de Carvalho, (2005, p.2)
MYER (1996)
Gestão
do
Conhecimento
e
design
organizacional
O’DNELL (1998)
Se soubéssemos o que
sabemos:
a
transformação
de
conhecimento interno e
as melhores práticas
�7
Com o intuito de promover uma melhor compreensão a cerca dos conceitos,
iniciaremos conceituando a Gestão do Conhecimento como uma forma sistematizada
da valorização e compartilhamento do saber, seja este tácito ou explícito. Para
Murray (apud MELO, 2003, p. 35). A Gestão do Conhecimento é “uma estratégia que
transforma bens intelectuais da organização-informações registradas e o talento dos
seus
membros
em
maior
produtividade,
novos
valores
e
aumento
de
competitividade”. Para Melo, 2003, p. 36 “é uma disciplina que objetiva democratizar
o acesso aos conhecimentos obtidos por indivíduos, seja qual for o meio escolhido
pelo gestor, organizando, classificando e criando dispositivos para sua disseminação
conforme o interesse e o propósito do grupo”.
Muitas definições certamente aparecerão na literatura que trata do
assunto, entretanto, é passivo afirmar que as abordagens discutidas até o momento
se bailam intrinsecamente no conjunto de vários fatores onde destacamos:
Dado, informação, conhecimento, saber
Experiências, compartilhamento, metodologias
Pessoas
Aprendizagem, tecnologias
Para efeito das relações acima formuladas, há de se considerar um fator
primordial, que é a educação coorporativa, onde a visualizamos quando ocorre o
processo que engloba todos os ingredientes e cuja linha de abordagem destacamos
ao tópico seguinte.
3 NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO COORPORATIVA E O COMPARTILHAMENTO
Na existência do compartilhamento, condição sine qua non, para a
implantação de uma Gestão do Conhecimento, observamos outra condição essencial
que é a do aprendizado, onde destacamos o pensamento de Morin (1986, p. 125
apud BABITONGA, 2005, p. 1) que diz “hoje é vital não só aprender, mas sobretudo
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organizar nosso sistema mental para aprender a aprender”. Daí vemos a grande
necessidade de um aprendizado consciente, que não fique apenas no campo
puramente mecânico, sem reflexão, sem compartilhamento de dúvidas e saberes, sem
questionamentos é preciso ir além; para Babitonga (2005, p. 2), e ter a “capacidade
de aprender, não somente para nos adaptarmos, mas sobretudo, para transformarmos
a realidade para nela podermos intervir”. Corroborando com o pensamento acima,
trazemos ainda o pensamento de Mariotti (1999, p. 24 apud BABITONGA, 2005, p. 2),
que discorre sobre a educação:
Trata-se de um caminho de mão dupla. Ensinar é ensinar a ensinar e
aprender é aprender a aprender. Não estamos falando, portanto, numa
simples transmissão de conhecimento, na expectativa de sua aceitação
passiva. Até porque, sendo a educação um componente de cultura, seu
surgimento e evolução implicam mudança. Trata-se portanto de um fluxo
contínuo [...]
Partindo dessa visão, convém ressaltar nosso pensamento a respeito da
aprendizagem colaborativa, onde observamos que a mesma ocorre no campo da
discussão de duas ou mais pessoas, através do intercâmbio das idéias, visões de
mundo, experiências pessoais e conhecimentos, propiciando aos participantes um
“enxergamento” diferente das relações pessoais, profissionais e sociais.
Nesse sentido, a organização que deseje acompanhar as transformações
tecnológicas e o enfrentamento global de mercados, precisa que os seus
colaboradores possam ter acesso à educação e somente se destacará se puder contar
com trabalhadores educados. Isto posto, ressaltamos:
Já foi o tempo em que a meta da empresa era tornar-se competitiva. Hoje,
ela tem de se manter competitiva. Para tanto, empregados e empregadores, precisam se educar a cooperar entre si. Só é possível vencer a
guerra externa da competição, acabando-se com a guerra interna. A
cooperação intra-empresarial é essencial. (PASTORE, 1990, p. 24 apud
BABITONGA, 2005, p. 5, grifo nosso).
Nessa perspectiva, consideramos a aprendizagem colaborativa, como o
momento enriquecedor e a relevância da concretização desse processo é destacada
por Marques, (2004, p.127-128, grifo nosso).
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A aprendizagem colaborativa constitui-se em uma conseqüência natural do
trabalho em equipe nas organizações, instituindo-se em uma área rica de
possibilidades para demonstrar que novos conceitos de inteligência podem
ser úteis e inspiradores. Afinal a capacidade de aprender continuamente,
quer dizer modificar comportamentos e atitudes e manter-se aberto
para outras perspectivas, além das próprias, é uma arena que se, por
um lado provoca conflitos, ambigüidades, dúvidas e questionamentos, por
outro, desafia os participantes a verem o mundo, a realidade e as
relações sociais por outros prismas e óticas de compreensão.
Acreditando na diversidade dos recursos humanos presentes, temos a
visão de que as possibilidades de compartilhamento entre os participantes da listeca,
somente contribuirão na formação de uma educação colaborativa cada vez mais
consolidada, no que se reporta ao “aprender a aprender”. Nesta visão encontraremos
na tecnologia uma oportunidade de poder visualizar novas perspectivas para práticas
já existentes, entendendo aqui a tecnologia como uma aliada, não somente no
contexto evolutivo da GC, mas também no ambiente organizacional.
4 AS TECNOLOGIAS A FAVOR DA GESTÃO DO CONHECIMENTO
As tecnologias da informação e comunicação foram sem dúvidas as forças
que mais impulsionaram a Gestão do Conhecimento. As redes se consolidaram no
ambiente organizacional na década de 1990, e curiosamente observamos ser esta
época em que detectamos também o “boom” informacional. Dentre as dimensões
necessárias à implantação e desenvolvimento de uma GC, há de se considerar como
o grande canal impulsionador, o avanço das tecnologias da informação. O fator
tecnológico apresenta-se como uma das plataformas que darão a estrutura logística
ao desenvolvimento de um projeto de GC, onde a disseminação do conhecimento
ocorre de forma rápida e com uma maior abrangência de pessoas. Apesar de se
tratar de um canal de comunicação pouco interativo, as ferramentas advindas destas
tecnologias muito têm contribuído, dentre estas podemos citar: as redes de
computadores (internet, intranet e extranet), e ainda o groupware, , GED, Workflow e
dataware house, estas tecnologias possibilitam o armazenamento, a integração, a
disseminação e o compartilhamento da informação, modificando consideravelmente
as estruturas do ambiente organizacional, sendo utilizadas para diversos fins.
�10
5 RETRATANDO UMA EXPERIÊNCIA: A LISTECA EM AÇÃO
Na procura do aperfeiçoamento constante, o setor buscou na educação
colaborativa o caminho para a consecução de resultados positivos no que tange a
melhoria dos processos internos, da comunicação interpessoal e o desenvolvimento
da equipe de colaboradores.
A
listeca
surgiu
na
biblioteca
da
Faculdade
Natalense
para
o
Desenvolvimento do RN (FARN), no início do ano de 2003, como uma ferramenta na
viabilização do processo de melhoria no ambiente da biblioteca. Inicialmente, foi
solicitado ao setor de informática a criação de uma conta de e-mail que servisse de
canal distribuidor das questões discutidas, onde cada participante da listeca, tivesse
não só a oportunidade de enviar suas contribuições, mas também, de visualizar as
contribuições dos demais colaboradores.
A metodologia definida baseou-se num primeiro momento em circular via
listeca, um texto explicativo de como funciona uma lista de discussão, o propósito da
criação da nossa lista e um texto previamente selecionado, cujo conteúdo abordasse
questões referentes a bibliotecas universitárias ou ambientes de unidades de
informação, após a distribuição do texto, cujo envio continha um cronograma que
especificava as datas que fariam parte de todo o processo da discussão do texto
com os passos que seriam seguidos, a saber:
a) Envio de um texto previamente selecionado com data limite para
recebimento/ envio das questões relativas ao texto em questão;
b) Data para reunião / discussão geral das questões.
Ainda da metodologia, foi criada uma dinâmica para as reuniões que
seguiam os seguintes pontos:
1. Moderador: comenta resumidamente o texto;
2. Moderador: ler os pontos / sugestões individuais, enviadas pelos
participantes a partir do texto em pauta;
3. Discussão geral das questões apresentadas;
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4. Verificação dos pontos mais citados;
5. Recolher sugestões para resolução dos pontos mais citados;
6. Votação geral dos pontos que serão prioridades a serem adotados a
curto, médio e longo prazos.
7. Avaliar se o que foi implantado oriundo das discussões, melhorou,
resolveu parcialmente ou não adiantou para a melhoria do ambiente
O conjunto destes pontos norteadores das atividades desenvolvidas via
listeca tem contribuído de forma clara e objetiva com o propósito, e neste sentido
ressaltamos que:
Para minimizar os equívocos e desvios de trajetória, as decisões terão de
ser firmemente apoiadas no exame das controvérsias, no embate das
idéias, no diálogo e na aceitação de outros pontos de vista [...] onde a
riqueza das múltiplas inteligências presentes no tecido grupal em seus interrelacionamentos, podem ajudar no planejamento, implantação e avaliação
contínua no exercício da aprendizagem colaborativa. (MARQUES, 2004, p.
125).
É necessário ressaltar que a aplicação desta metodologia favoreceu
sobremaneira o rumo da proposta, contribuindo para o atual estágio da listeca, haja
vista que as abordagens selecionadas permitiam amplas visões sobre as temáticas,
permitindo aos participantes o embate das idéias e no planejamento futuro das
ações. Apresentamos a seguir os temas discutidos até o momento atual.
�12
TÍTULO DO ARTIGO
AUTOR DO ARTIGO
1 – Comunicação na
biblioteca: uma questão
interdisciplinar
Mary Stela Muller
Waldyr Gutierrez Fortes
2 – Ambiente de qualidade em
uma biblioteca universitária:
aplicação do 5 S e de um
estilo participativo de
administração
Nadia Vanti
3 – Novas bibliotecas para
novos leitores
Palestra de Morell D. Boone –
por LR (Publicada na rev.
Ensino Superior – jan.2004)
4 – Pesquisa de usuários: um
instrumento em busca da
qualidade no ambiente da
biblioteca
Mª de Lourdes Teixeira da
Silva
Ana Maria da Silva Souza
5 – Conversando sobre a
administração do tempo no
contexto das bibliotecas
universitárias
Edna Gomes Pinheiro
Mª Isabel de J. Souza
PROPOSTAS
APRESENTADAS
Realização de reunião
semanal (10 a 20 min.) com
colaboradores
Treinamento no sistema
automatizado de atendimento
Criar caixa de dúvidas e
sugestões interna
Reduzir canais intermediários
na comunicação interna
Sinalização dos ambientes,
dos usuários e dos
colaboradores
Padronização das sinalizações
pastas individuais
Eliminação do tempo “ocioso”
c/ leitura das
normas,procedimentos
Reutilização dos papeis
descartados, encaminhandoos para confecção de blocos
na gráfica
Reestruturação e maior
divulgação do projeto da DSI
Buscar maior contato com os
prof. do ensino médio e
promover visitas dirigidas c/
este público
Melhor utilização da videoteca
e do salão de exposições
Informatização do setor de
periódicos
Implantação de uma caixa de
sugestões p/ os usuários
Estimular a solicitação de
visitas dirigidas por parte dos
profs.
Criação de um programa de
mkt. para divulgação da
biblioteca junto a toda
comunidade acadêmica
Reeducação no modo de
realizar as tarefas
Otimização do tempo, nos
momentos de menos fluxo e
no horário de fechamento da
Bt.
Quadro 2 – Panorama geral dos temas abordados na listeca de 2003 a 2005
Fonte: Artigos selecionados a partir do moderador da lista de discussão.
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Diante do panorama acima apresentado, dos temas relacionados e das
sugestões discutidas, verificamos que o foco central da proposta tem seguido uma
metodologia pautada na discussão e aplicação dos resultados. E no que tange a
abordagem apresentada, pode-se dizer que ela está amparada na mescla de vários
pensamentos, a exemplo da abordagem formulada por Leonard-Barton (1995), que
considera o foco das atividades, no uso da criatividade para resolução, no
compartilhamento e na aplicação de novas metodologias para os processos já
existentes; da abordagem de Nonaka & Takeuchi (1995), o uso da prática em
transformar o conhecimento tácito em explícito e vice-versa; de Barclay & Murray
(1997), ainda na redefinição de processos; em Sveiby (1998) , a aprendizagem, a
definição e utilização de competências, e em Davenport (1998), a defesa do aumento
do conhecimento a medida que este é usado.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
À luz da teoria da Gestão do Conhecimento, verificamos que a listeca é
apenas um instrumento recursivo, dentro do que propriamente seria a Gestão do
conhecimento e, embora a prática condutora abrigue em seu âmbito os propósitos
propostos pela GC, que são basicamente, a conversão do conhecimento tácito para
o conhecimento explícito, o compartilhamento de saberes, a educação colaborativa e
a valorização do capital intelectual, fica demonstrando que o diferencial competitivo,
tão abordado na literatura, foi e está sendo construído e constatado a cada dia, no
ambiente da biblioteca.
Atualmente,
os
colaboradores
têm
conhecimento
das
atividades
desenvolvidas pelos colegas, sendo estas, apresentadas e discutidas nas mesas de
reuniões e nos seminários de integração, onde a oralidade do processo se
transforma em documentos escritos, constituindo-se em verdadeiros manuais,
possibilitando o acesso a todos, para que os mesmos saibam como realizar
determinadas tarefas; estes registros são utilizados com o intuito de padronizar as
rotinas/tarefas do cotidiano da biblioteca.
�14
Outro ponto observado, desde a implantação da listeca, é o nível das
discussões que surgem no ambiente. Percebe-se um amadurecimento profissional e
pessoal entre os membros envolvidos, quando é assumido o caráter criativo no
desenvolvimento das atividades, no compromisso em fazer bem feito, e do
compromisso para que o outro tome conhecimento do como fazer.
Em conseqüência do grau de evolução deste processo, foram adotadas
outras ações oriundas das discussões via listeca, onde destacamos a criação do
calendário anual de reuniões; o canal aberto “pergunte que eu respondo”, e o painel
motivacional.
Entretanto,
necessário
apontar
apesar
algumas
dos
resultados
considerações
positivos
sobre
apresentados,
fatores
faz-se
causadores
do
enfraquecimento da proposta, tais como: a resistência ao processo por parte de
alguns colaboradores, sendo que estas resistências giram basicamente em torno do
uso da tecnologia, ao ato de refletir para construir/ reconstruir conceitos; o acúmulo
das atividades desenvolvidas pelo moderador, dificultando um acompanhamento
mais detalhado do processo; e numa pequena proporção, pela falta de
comprometimento dos envolvidos, ficando evidenciado que o fator humano, conforme
vimos ao longo do texto, é sem dúvida um componente determinante para a
implantação, o desenvolvimento e o sucesso de um projeto de GC na organização,
seja num ambiente micro (setor/ departamento) ou macro (toda a organização) .
De qualquer modo, fica claro que a GC, traz grandes benefícios para seus
partícipes, e que quanto mais às organizações conseguirem transformar seus
conhecimentos tácitos em explícitos e, conseqüentemente, no conhecimento sábio,
mais esta terá conhecimento sobre o seu capital intelectual, podendo agir
estrategicamente num mercado cada vez mais globalizado e competitivo.
ABSTRACT
This study presents an experience on Knowledge Management (KM) in an academic
library enviroment. Thus, a diccussion list (DL) was used for comparative analisis of
practice versus theory. This work deals with a methodology for the consecution of
�15
positive results promoted through sharing of knowledge, valoring the human capitol,
and the creation of a colaborative environment. The work also deals with the new
paradigm that is related in the current society. Therefore information, knowledge, new
technology an learning are key elements in this process. Results show that the
practise makes KM a valorable technique in the academic library environment. This is
seen through staff evolution related to learning, creativity and inter-personal
relationship.
Key- Word: knowledge Management. Learning collaborative.
REFERÊNCIAS
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SILVA, Sérgio Luis da. Gestão do conhecimento: uma revisão crítica orientada pela
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�
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 14 - Ano: 2006 (UFBA - Salvador/BA)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Acesso livre à informação científica e bibliotecas universitárias.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2006
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
The Dublin Core metadata element set is common to all Omeka records, including items, files, and collections. For more information see, http://dublincore.org/documents/dces/.
Title
A name given to the resource
Análise de uma experiência prática a luz da teoria da gestão do conhecimento: a listeca como ferramenta de uma construção de aprendizagem na biblioteca universitária.
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Silva, Maria de Lourdes Teixeira da; Carvalho, Mônica Marques
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Salvador (Bahia)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
UFBA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2006
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
O estudo apresentado aborda uma experiência de Gestão do Conhecimento (GC) em um ambiente de biblioteca universitária através do uso de uma Lista de Discussão (LD), sob a análise comparativa da prática versus a teoria. Trata de uma metodologia para a consecução de resultados positivos promovidos através do compartilhamento de saberes, valorização do capital humano e intelectual, e na criação de um ambiente colaborativo. Discorre ainda sobre este novo paradigma que se configura na sociedade atual, onde apresentamos como elementos chave propulsores, a informação, o conhecimento, a aprendizagem e as novas tecnologias. Os resultados desta experiência evidenciam na prática as contribuições da GC no ambiente da biblioteca, onde destacamos a evolução do grupo, no que se refere ao aprendizado, a criatividade e ao relacionamento interpessoal.
Language
A language of the resource
pt