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CATALOGAÇÃO COOPERATIVA: UMA PROPOSTA PARA UMA REDE
NACIONAL
Ronaldo de Castro Maia Vinagre
Amauri Marques da Cunha
Núcleo de Computação Eletrônica - NCE
Este artigo discute o problema do formato de intercâmbio para a catalogação
cooperativa, e apresenta uma proposta de um modelo para o funcionamento de
uma-rede nacional de catalogação cooperativa descentralizada. Descreve também os requerimentos mínimos para o funcionamento do modelo.
1 INTRODUÇÃO
A catalogação cooperativa de monografias precisa evoluir rapidamente em
nosso país. Porém, para que isto aconteça, será necessário que sejam envidados
esforços de maneira a propiciar as mínimas condições técnicas e operacionais de
rrodo a não termos solução de continuidade. Temos hoje, praticamente, uma única
rede de catalogação cooperativa e, em função dos mais variados motivos, não
está conseguindo aglutinar uma quantidade expressiva de bibliotecas como usuárias de seus serviços.
Nesta trabalho, apresentamos a nossa proposta para o desenvolvimento de
uma rede nacional de catalogação cooperativa descentralizada, em oposição a
uma central de catalogação.
Discutimos o formato de intercâmbio a ser adotado e apresentamos um modelo de rede para possibilitar este desenvolvimento.
2 O FORMATO DE INTERCÂMBIO
Entre os profissionais da área de Ciência de Informação e Biblioteconomia
fala-se muito em formato de intercâmbio de dados e, pelo que pudemos perceber,
existe uma enorme confusão a respeito do que seja um formato de intercâmbio de
dados e, consequentemente, para que serve.
Na área de biblioteconomia, o formato de intercâmbio de dados mais conhecido é o formato CALCO que, após sofrer algumas alterações, passou a se
chamar formato IBICT de intercâmbio de dados bibliográficos.
Atualmente, raros são os sistemas que "utilizam" ou são compatíveis com o
formato IBICT/CALCO. O sistema mais conhecido, compatível com o formato
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�CALCO, é o Bibliodata/Calco. O Catálogo Coletivo Nacional (CCN), por sua vez,
é um sistema compatível com o formato IBICT.
Na UFRJ estão em operação dois sistemas automatizados de catalogação
de monografias. O mais antigo, que foi desenvolvido no início da década de setenta, quando não existia ainda o formato CALCO e que, no final dessa mesma década, sofreu grandes modificações para ficar compatível com este formato, está implantado, hoje, no Centro de Tecnologia, Centro de Ciências Matemáticas e da
Natureza, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (parcialmente) e no Centro
de Filosofia e Ciências Humanas (parcialmente).
O outro sistema, que está implantado apenas no Museu Nacional, foi baseado no CALCO/1977, e é totalmente compatível com este.
Em virtude desses sistemas trabalharem em redes isoladas, tanto o Bibliodata, quanto os sistemas da UFRJ, utilizam-se do formato de intercâmbio apenas
como apoio à definição das características dos dados de suas bases. Em função
do exposto, alguns profissionais passaram a confundir formato de intercâmbio de
informações com sistema de catalogação, já que não há um efetivo intercâmbio de
dados.
2.1 O QUE É UM FORMATO DE INTERCÂMBIO DE DADOS
O idioma inglês, fazendo uma analogia, é hoje um autêntico formato de intercâmbio, pois é aceito como idioma de comunicação internacional. Desta forma é
pOSSível a comunicação entre grupos de especialistas de várias nações, ao mesmo tempo, sem que para isso seja necessário que cada grupo tenha um especialista no idioma do outro e vice-versa.
Na índia por exemplo, o idioma de comunicação oficial (ou formato de intercâmbio de dados) entre as diversas comunidades do país foi o persa, que foi
substituido nos tempos modernos pelo inglês.
Um formato de intercâmbio de dados é na verdade um "idioma" padronizado
que serve como forma de comunicação entre dois ou mais sistemas diferentes. Os
sistemas não precisam ter, necessariamente, pontos em comum entre si do ponto
de vista operacional. É necessário apenas que os dados da base de cada sistema
sejam conversíveis ao formato de intercâmbio e vice-versa.
2.2 ORIGEM DO FORMATO DE INTERCÂMBIO IBICT
O formato IBICT tem sua origem no formato CALCO, porém acrescido de
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�características adaptadas dos formatos UNIMARC, da Internacional Federation of
Library Associations (IFLA), e do Common Communications Format (CCF), da
UNESCO.
O formato CALCO, por sua vez, surgiu de um trabalho da prof Alice Principe Barbosa publicado em 1972, intitulado Projeto CALCO, sendo uma adaptação
do formato MARC il, da Library of Congress (LC) dos EUA.
2.3 PARA QUE
SERVE O FORMATO IBICT DE INTERCÂMBIO DE
DADOS
O formato IBICT é apenas uma parte de uma série de requistios para que
dois ou mais sistemas diferentes venham a trocar dados entre si. É interessante
frisar, que não faz o menor sentido falarmos de formato de intercâmbio de dados
bibliográficos, se não falarmos das regras e condições para o intercâmbio de dados, bem como do modelo de funcionamento deste intercâmbio. Caso um determinado sistema tenha sido projetado para ficar isolado, não é necessário que seja
conversível ao formato de intercâmbio e vice-versa.
O formato IBICT/CALCO é, em verdade, um "idioma" padronizado que poderá
ser a forma para a troca de dados entre dois ou mais sistemas diferentes, porém
projetados para a catalogação cooperativa de monografias e/ou periódicos.
2.4 O USO DO FORMATO DE INTERCÂMBIO
Infelizmente, não estão sendo envidados esforços para que o formato IBICT
seja usado na sua mais nobre finalidade que é tornar possível a catalogação cooperativa entre vários sistemas e redes de catalogação independentes.
O formato de intercâmbio IBICT/CALCO, hoje, não é usado na sua mais nobre finalidade, porque não estão definidos os protocolos e o modelo para a efetivação da cooperação entre sistemas diferentes. Este vem sendo usado, principalmente, para definir os requisitos de dados dos sistemas. E, sob este aspecto, é um
instrumento bastante interessante, principalmente para aqueles sistemas que venham a emitir produtos no formato estabelecido pela AACR-2.
3 UM MODELO PARA INTERCÂMBIO DE DADOS
São várias as alternativas existentes para estabelecermos modelos para intercâmbio de dados bibliográficos e de catalogação cooperativa. Poderíamos ter
desde um modelo totalmente centralizado, formando uma grande rede nacional de
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�dados montados em cima de alguma instituição, que seria a gestora da rede e do
formato de intercâmbio, ou, por outro lado, um modelo de cooperação totalmente
descentralizado, cabendo aos órgãos ou instituições usuárias a responsabilidade
de manter o seu próprio sistema. Tanto uma maneira quanto a outra apresentam
problemas técnicos e operacionais que, ao nosso ver, não são de difícil solução.
Porém, conhecendo a realidade de nosso país e suas disparidades, tanto regionais
quanto entre instituições, sejam estas públicas ou privadas, acreditamos que o
modelo mais adequado para atender a esta realidade deve ser o descentralizado.
O principal argumento em favor disto é de ordem prática, pois julgamos que
aceitar este modelo ajuda muito mais o desenvolvimento da catalogação cooperativa em nosso país do que lutar contra ele. Na realidade este modelo já vem sendo
adotado de fato sem que isso seja explicitado e nem estudado convenientemente.
Estamos convencidos da necessidade premente de que ele seja proposto e discutido, assim como estudadas todas as suas implicações administrativas, econômicas, políticas e tecnológicas. Desta maneira poderemos estimular adequadamente
o intercâmbio entre sistemas, que é, sem dúvida alguma, o objetivo maior a ser alcançado.
A seguir, descreveremos este modelo de catalogação, para servir de base
ás nossas discussões.
3.1 CONSTITUiÇÃO BÁSICA DO MODELO
O modelo, para a nossa discussão, será constituído por 4 (quatro) bases de
catalogação, com sistemas (hardware e software) e serviços independentes entre
si. A figura abaixo nos mostra esquematicamente as ligações de cada base de
catalogação com as demais.
,
G
A base "bi", como nos mostra a figura, coopera com a base "b2", "b3" e
"b4". Já a base "b4", só coopera com a base "bi". O importante é observar que
nesta proposta não existe a obrigatoriedade de intercâmbio entre as bases de catalogação. O intercâmbio deverá ser estabelecido através de acordos bilaterais,
conforme o interesse das partes.
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�Estas bases de catalogação podem ser regionais, de instituição ou mesmo
nacionais como o BIBLlODATA. Mas qual é a razão técnica para não terrros apenas uma única base nacional de catalogação cooperativa? A razão está exatamente no tipo de serviço prestado em cada base, seu grau de especialização e
nos recursos disponiveis em cada uma delas para o conjunto de usuários a ela ligados. Pensando nestes termos, poderemos ter bases de dados em órgãos privados tipo FIESP, ou dentro das grandes universidades brasileiras, ou mesmo empresas prestadoras de serviços montando suas redes de catalogação para atender às instituições isoladas.
3.2 FORMA DE COMUNICAÇÃO
A comunicação entre as bases de catalogação deverá ser feita fundamentalmente de duas maneiras, em função do que se pretende atingir.
1 - A primeira, com vista a divulgar entre os cooperantes o conteúdo de suas
respectivas bases. Isto poderá ser feito através de relatórios em formato COM
(microfichas).
Um relatório deverá ser ordenado pela entrada principal, e deverá conter os
dados catalográficos. E outro deverá ser em ordem de arquivamento na base, com
o espelho de cadastro.
2 - A segunda, com vista a possibilitar o envio dos dados bibliográficos, de
verá ser através de um canal de telecomunicações convencional, tipo TRANSDA
TA, se houver um grande volume de intercâmbio, ou rede de pacotes, para um bai
xo volume de intercâmbio.
É claro que, sendo a cooperação um contrato bilateral, a intercomunicação
entre as bases não precisará seguir o modelo proposto, porém como regra geral
achamos que é a solução mais viável.
3.3 FUNCIONAMENTO DO MODELO
A operação do modelo é de certa forma simples. Sendo um contrato bilateral
entre instituições, estas estabelecerão os protocolos de intercâmbio entre si. É importante ressaltar que sendo as bases independentes entre si, poderão dispor dos
dados recebidos da maneira que for mais conveniente, incluindo dados novos, excluindo dados achados desnecessários ou mesmo alterando dados dos quais porventura venha a discordar.
O intercâmbio poderá ser feito da seguinte maneira:
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�1 - Periodicamente as bases conveniadas devem trocar entre si arquivos
relatórios no formato COM, de maneira a serem divulgados os respectivos acervos
já catalogados. Como não irá existir nenhum órgão centralizador, estas trocas serão bilaterais entre instituições conveniadas.
2 - O usuário de uma base de catalogação, através dos relatórios fornecidos
em microficha, efetua a pesquisa. Encentrando o item procurado em uma das bases cooperantes, solicitará a aquisição dos registros de dados à base fornecedora.
3 - De posse das solicitações feitas por determinada base, a base fornecedora envia os seus dados identificados pelos seus próprios números de registro à
base solicitante.
4 - De posse dos dados, a base solicitante poderá alterá-los conforme as
suas necessidades, dando inclusive um número de registro próprio.
4 NORMAS E PROTOCOLOS PARA O INTERCÂMBIO
Para que o intercâmbio de dados seja factível e que além disso seja produti-
vo, é necessário que as bases de catalogação sigam algumas normas. É fundamentai que seja usado um único formato de intercâmbio de dados e que seja seguida uma única norma de catalogação em todas as bases.
A norma de catalogação a ser adotada deve ser de preferência uma que tenha trânsito a nível internacional. A norma que atende a este requisito é, sem dúvida nenhuma, a AACR-2.
O formato de intercâmbio de dados a ser adotado deve poder espelhar a
norma de catalogação adotada. O formato CALCO já atende a esta especificidade.
Porém, hoje, já temos à disposição o formato IBICT de intercâmbio bibliográfico e
catalogràfico, que é uma evolução do formarto CALCO.
Neste modelo apenas um item necessita ser centralizado para que a cooperação funcione. É necessário que seja criado um órgão normativo que fique responsável pela atualização do formato de intercâmbio, que atue também como órgão consultivo para dirimir dúvidas a respeito do uso do formato, e que seja um
canal sempre aberto para que os usuários possam propor alterações e inclusões
no formato de intercâmbio c'é dados.
5 CONCLUSÕES
Esta proposta procura alinhar os pontos básicos para um modelo nacional de
catalogação cooperativa descentralizado. O modelo proposto nos parece flexível c
suficiente para suportar tanto uma rede de catalogação como o BIBLlODATA, que
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�hoje é praticamente o único prestador de serviços nesta área, com redes de catalogação institucionais como a nossa na UFRJ, bem como a que está se desenvolvendo na Região Sui entre as Universidades Federais de Santa Catarina, Rio
Grande do Sul e do Paraná, com a vantagem de criar condições para que estas
redes venham a cooperar entre si, mantendo a independência necessária para o
desenvolvimento dos seus respectivos sistemas de acordo com os recursos e
disponibilidades existentes.
Enfatizamos também a necessidade de que sejam feitos estudos mais
aprofundados sobre este modelo, com as seguintes ênfases:
1 - Conhecer melhor os seus problemas operacionais, a fim crite que sejam
definidos critérios e estratégias práticas de implementação;
2 - Conhecer os impactos e conseqüências de sua utilização.
Acreditamos que este caminho nos levará ao desenvolvimento do intercâmbio de informações entre sistemas bibliográficos em nosso país, que é o grande
objetivo a ser perseguido.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
M.E.C.lC.N.Pq. Formato CALCO: monografias e publicações seriadas. Brasilia,
MEC, 1977.
I.B.I.C.T. Formato IBICT: formato de intercâmbio bibliográfico e catalogràfico. Brasília, IBICT, 1987.
VINAGRE, Ronaldo de O Maia Formato de Intercâmbio: o que é, para que serve?
In: Ciclo de Estudos em Ciências da Informação. 2. Rio de Janeiro, 5-9 dez.
1988. 2? Ciclo de Estudos em Ciência da Informação, Rio de Janeiro, SIBI/UFRJ,1988.
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Sistema
ro, FGV, 1982.
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BIBLlODATAlCALCO. Rio de Janei-
�
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SNBU - Edição: 06 - Ano: 1989 (UFPA - Belém/PA)
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Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
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Tema: Automação de bibliotecas e serviços aos usuários.
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SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
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Português
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The nature or genre of the resource
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The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Belém (Pará)
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A name given to the resource
Catalogação cooperativa: uma proposta para uma rede nacional. (Trabalhos livres)
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Vinagre, Ronaldo de Castro Maia
Cunha, Amauri Marques da
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Belém (Pará)
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UFPA
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
1989
Type
The nature or genre of the resource
Evento
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An account of the resource
Este artigo discute o problema do formato de intercâmbio para a catalogação cooperativa, e apresenta uma proposta de um modelo para o funcionamento de uma rede nacional de catalogação cooperativa descentralizada. Descreve também os requerimentos mínimos para o funcionamento do modelo.
Language
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pt
snbu1989