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EDUCAÇÃO DE USUÁRIOS EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS*
Milton A. Nocetti
SDI/EMBRAPA, Brasília, DF.
Judith Rebeca Schleyer
João Pessoa, PB.
• Apresenta os resultados de um levantamento realizado através de questionários, nas bibliotecas universitárias
brasileiras, referente à educação de usuários. Identifica as
falhas estruturais e conceituais do contexto, e propõe
tópicos para discussão.
"O curso deveria ser dirigido aos usuários" (Comentário de estudante ao avaliar um curso de instrução bibliográfica para usuários).
1. INTRODUÇÃO
Freqüentemente quando se pensa em educação de usuários, cogita-se
sobre duas possibilidades: organizar um curso ou uma visita orientada à biblioteca.
No entanto, quando a literatura especializada é consultada, verifica-se que o tema é um
pouco mais complexo do que se imaginava a princípio. Pois, "alguns dos problemas
associados com os programas de educação do usuário e parte do descontentamento
com o que tem sido alcançado através de tais programas podem ter origem no fato de
que a estrutura geral da maioria dos cursos é muito semelhante àquela proposta em
1949 (pela Library Association). Ou essas propostas estavam à frente de seu tempo e
somente hoje são aplicáveis, ou então deveríamos estar procurando algo tão diferente
dessas propostas de 1949 como, por exemplo, são os métodos de ensino atuais quando
comparados com aqueles existentes em 1949" (16). A necessidade de propostas diferentes e, em especial, adequadas à realidade brasileira, pode ser considerada fundamental. Essa necessidade constitui a linha norteadora desse relatório.
Em 1960, Bonn (3) publicou uma análise sobre a literatura pertinente à
área de educação de usuários, cobrindo o período de 1876 a 1958. Em outras palavras.
Documento básico apresentado ao Grupo de Trabalho sobre Estudo da Interface
Usuário-Sistema de Informação.
�no plano internacional, há mais de um século que bibliotecas estão preocupadas em
desvendar seus intricados caminhos para o " l e i g o " usuário. No caso do Brasil, a preocupação é bem mais recente, já que, aparentemente, o primeiro curso para usuários
foi organizado por uma das faculdades da USP, em 1955. (4,15) Esta não é a única
diferença entre a realidade local e a internacional. A história do desenvolvimento de
programas de educação de usuários está fartamente documentada, em países desenvolvidos como Estados Unidos e Inglaterra, mas quando se chega à América Latina, a
situação é bem outra. Ao invés de as críticas se referirem às redundâncias e repetividade na literatura (1,6,11 e t c ) , descobre-se "que a literatura latino-americana sobre o
tema carece de referências relevantes sobre o assunto" (2). No que concerne à literatura especializada nacional, esta não difere da latino-americana. Uma rápida tentativa
de recuperar a produção bibliográfica brasileira sobre educação de usuários, no período de 1960 a 1979, produziu cerca de 20 referências. Mesmo não se tratando de um
levantamento exaustivo (dificilmente realizável por causa da falta de controle bibliográfico), comparando-se com o volume de literatura produzida no exterior em seis
anos, 1967 a 1972, (o Library Literature arrola 309 citações, segundo Young) (17) fica
patente que, a nível nacional, não se padece dos problemas causados pela explosão
da informação. Deve ser observado também que a maior parte dos trabalhos publicados no Brasil sobre o tema é do ti p o "o que fizemos na nossa biblioteca". Obviamente esse ti p o de literatura é importante, mas essa unilateralidade da produção bibliográfica sublinha a necessidade de mais estudos e pesquisas, uma vez que a educação
de usuários, em nível nacional e internacional, tem se dado principalmente no âmbito
universitário e, como o sistema educacional brasileiro possui peculiaridades que
influem, à sua maneira, no uso das bibliotecas universitárias, os problemas decorrentes
não poderão ser solucionados com base em soluções encontradas por outros sistemas
diversos do brasileiro.
No entanto, a nível nacional e internacional, alguns pontos em c omum podem ser encontrados:
a) uma maior intensificação deatividades na década de 70. No Brasil, os
dados sobre a criação de cursos comprovam esse f ato que é também
demonstrado pelo acréscimo no número de trabalhos de congresso
sobre o tema (só no 7? Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e
Documentação, quatro trabalhos foram apresentados) e de artigos
publicados durante os anos 70. (Vale dizer que 1970 viu o surgimento de quatro periódicos especializados. Este fato também pode justificar o crescimento da produção bibliográfica periódica.)
No plano internacional, o número de congressos e seminários dedicados
exclusivamente à educação de usuários, a criação do LOEX (Library Orientation
Instruction Exchange) e do programa da S CONUL para educação de usuários e a
�abundante literatura de revisão demonstram também a intensificação de atividades na
década de 70.
b) Não ficou comprovada até hoje a eficácia dos programas de educação de
usuários. Por mais que bibliotecários, independente de nacionalidade,
acreditem nos benefícios de tais programas, até hoje não pode ser demonstrado que aquele que recebeu alguma forma de orientação tenha
sido beneficiado. No entanto, já existem algumas evidências do contrário, isto é, não receber orientação pode ser prejudicial.
c) As bibliotecas têm adotado uma posição passiva. 0 número reduzido de
bibliotecas oferecendo programas de educação de usuários, a falta de
inovação nos programas que têm sido oferecidos e, especialmente no
âmbito universitário, o distanciamento que existe entre biblioteca e
comunidade são problemas universais. As causas são muitas e várias
vezes já foram apontadas, mas até o presente, salvo exceções, a atitude
básica é a da passividade.
O tema educação de usuários tem sido alvo de várias revisões de literatura
(como já foi mencionado), inclusive uma publicada em português (1) e uma outra
sobre metodologia didática, também em português (14). Por outr o lado, o número
de pesquisas e de artigos de revisão sobre pesquisas é bem mais escasso. Torna-se, portanto , necessário reunir informações sobre os resultados de pesquisas, tanto no sentido
de divulgação como para auxiliar na análise dos dados coletados para esse relatório.
Deve ser aqui salientado que essas informações referem-se a pesquisas realizadas no
Exterior, uma vez que não se tem conhecimento de pesquisas nessa área no Braisil, e
que as generalizações, em face do número reduzido de pesquisas, podem não ser definitivas.
Das pesquisas já realizadas poucas têm se dedicado a estudar as atitudes de
usuários, bibliotecários e professores em relação à educação de usuários. No entanto,
esse reduzido número de estudos de atitudes revelou a existência de uma percepção diferenciada tanto de necessidade como de satisfação por parte dos três grupos (usuários,
bibliotecários e professores) (17). Em geral, os bibliotecários são os que em maior proporção consideram existir a necessidade de instrução e que também estão mais satisfeitos com os programas de educação. Pode-se dizer que esse é um resultado óbvio, pois
ninguém melhor do que um bibliotecário para "vender o seu peixe". Por out ro lado,
esses resultados revelam que, apesar de uma biblioteca se situar no campus universitário, o seu papel dentro do sistema educativo só é considerado central pelos próprios
�bibliotecários. Em conseqüência, pode-se dizer que seria útil repensar sobre a atuação
de bibliotecas e bibliotecários, sobre a necessidade de uma maior agressividade e de um
redimensionamento dos objetivos da biblioteca universitária. Torna-se clara a imperiosidade da saída das quatro paredes da biblioteca e do abandono da preponderância de
atividades técnicas, pois não serão de muita valia os programas de educação de usuários enquanto forem os bibliotecários aqueles que mais acreditam em seu valor.
Quanto à relação causai entre uso da biblioteca e aptidão escolar, ainda
não foi possível identificar uma forte correlação positiva. As associações positivas entre
o uso da biblioteca, rendimento escolar e nível de inteligência são poucas e fracas
(graus de correlação sempre fracos e nem sempre presentes) (17). Em outras palavras,
ainda não foi provado que o melhor aluno é aquele que mais usa a biblioteca. Isto é
decepcionante e surpreendente, pois a crença no valor dos livros e da biblioteca como
meio educacional pode ficar abalada, e perde-se um forte agente motivador para intensificar o uso de bibliotecas. No entanto, como esse tema de pesquisa é complexo, pois
envolve um grande número de variáveis de difícil controle, ainda é cedo para se perder
a fé no valor das bibliotecas.
Algumas outras pesquisas se dedicaram a estudar o impacto do nível dos
serviços bibliotecários pré-universitários no rendimento escolar do estudante universitário. Também aqui fica abalada uma outra crença profissional pois "nenhuma evidência foi encontrada que comprove que o nível de serviço bibliotecário (pré-universitário)
tenha uma correlação positiva com os conceitos obtidos pelo estudante na universidade" (17). Algumas dessas pesquisas obtiveram resultados positivos, porém, nesses casos, ressalta Young (17), houve sempre a participação ativa do corpo docente universitário. Dessa forma, talvez a correlação positiva não seja relacionada com a qualidade
das bibliotecas freqüentadas pelos estudantes antes de ingressarem na universidade,
mas seja fruto do envolvimento de docentes durante as pesquisas. Aliás, um ponto
sobre o qual não restam mais dúvidas é o papel do professor como estimulador no
uso de bibliotecas universitárias. As pesquisas já realizadas comprovam que o uso da
biblioteca aumenta consideravelmente com a participação de docentes. Uma das pesquisas demonstrou que até documentos que não constam nas bibliografias recomendadas, foram mais solicitados por estudantes que tinham professores sensibilizados quanto ao uso e valor de bibliotecas.
Uma área que foi mais intensamente pesquisada do que as outras acima
mencionadas foi a de métodos de ensino. Entretanto, apesar do maior número de
pesquisas, nenhum dos métodos foi reconhecido como comprovadamente melhor
do que outros. Um dos estudos (9) compara seis técnicas de ensino, desde a aula expositiva tradicional até a utilização de meios como o video-tape, chegando à conclusão
de que as diferenças na avaliação do aprendizado deram uma pequena vantagem para o
método de "slides" conjugado com palestra de bibliotecários.
�Tanto não se pode afirmar a superioridade de um método de ensino sobre
outro, quanto, não se têm dados para julgar os testes de avaliação de aprendizado que
são aplicados para medir a eficácia, mesmo que a curto prazo, do programa educacional. Cabe todavia esclarecer que esses testes (aplicados somente no Exterior) são capazes tão somente de medir a aptidão em técnicas de recuperação da informação, logo
após a instrução, e muito artificiais como instrumentos para medir a habilidade do
usuário em "negociar com a complexa estrutura de uma biblioteca" (16). Os testes a
que se referem essas pesquisas aparentemente sofrem dos mesmos problemas que os
conteúdos programáticos da educação de usuários: são por demais voltados às minúcias técnicas. Aliás, a ênfase na instrução de minúcias técnicas é um problema freqüentemente apresentado na literatura estrangeira e, de acordo com os programas de cursos
que foram enviados, em anexo ao questionário analisado na secção seguinte, pode-se
dizer que esse problema existe também no Brasil.
Um outro fato interessante que merece ser mencionado é que estudantes
que freqüentaram cursos "ao vivo" com bibliotecários tendem a procurar mais a ajuda
de bibliotecários do que aqueles que são ensinados por métodos audiovisuais ou que
não receberam treinamento (10). Educação de usuários, portanto, não é solução para a
falta de bibliotecários de referência, mas sim, como tudo indica, funciona como uma
pressão por mais e melhores serviços de referência.
Na área de pesquisas sobre educação de usuários, pode-se observar que o
mesmo tipo de crítica e de problemas de que padece a área de estudos de usuários
(falhas metodológicas, definição superficial de variáveis e de objetivos, etc.) também
estão presentes. A "interface usuário/biblioteca" parece constar somente de" ...face...
biblioteca". O usuário que é declarado (no papel) como o objetivo principal, o fim
maior, é o menos ouvido e atendido. Esta é uma conclusão que pode ser retirada da
literatura revisada. Não é o usuário, em geral, que pede por instrução, é a biblioteca que
oferece. Até aí, tudo bem! Os problemas são: que o usuário não é consultado sobre o
que precisa apreender, nem quando e como; e que os resultados de estudos de usuários
não são levados em conta. Se não, como explicar que o catálogo, um dos instrumentos menos utilizados na recuperação da informação (de acordo com os resultados de
vários estudos de usuários) constitua parte quase que básica dos mais variados programas de treinamento. Não são levados em conta aspectos como transitoriedade de
necessidades o que implica em que programas de educação só devam ser oferecidos em
épocas em que os estudantes sintam necessidades, por exemplo, quando precisam desenvolver trabalho de pesquisa para um professor. Obviamente, para atender a esse
aspecto, a cooperação entre bibliotecários e professores é fundamental. A transitoriedade implica também que, dependendo da época, o estudante terá diferentes necessidades que exigem conteúdos programáticos diversos. Nesse sentido, Melum (13) chegou a
importantes conclusões: que a instrução é efetiva somente quando existe necessidade
e que aprender a usar uma biblioteca é um processo contínuo.
�No que se refere ao processo de aprendizagem, a preocupação maior tem
sido com o aspecto cognitivo (aprendizado de técnicas) e não com o aspecto afetivo
(imagem mental), o que demonstra, mais uma vez, que a interface usuário/biblioteca
não tem sido bem compreendida. 0 objetivo cognitivo, de acordo com Fjállbrante
Stevenson (6), se preocupa com a compreensão de conceitos os quais podem variar de
complexidade. Por exemplo, um curso introdutório pode ter objetivos cognitivos
como o arranjo de diferentes tipos de documentos em uma biblioteca, e um curso mais
avançado pode ter como objetivo capacitar o estudante a recuperar informações por
meios automatizados. Os objetivos afetivos se referem a sentimentos. Em outras palavras, se preocupam com a imagem mental da biblioteca, dos bibliotecários, e da informação, ou seja, se preocupam em transformar a imagem da biblioteca de um local
aborrecido ou de trabalho, em um lugar acolhedor onde seja possível encontrar as
informações desejadas. No entanto, não é só a falta de objetivos afetivos que prejudica
o aprendizado, mas a falta, em geral, de objetivos. Muitos programas e cursos são realizados sem objetivos claramente definidos (6, 11, 16). Isto obviamente prejudica a avaliação de tais programas, o que, por sua vez, dificulta a remodelação dos mesmos para
uma melhor satisfação do usuário. Enfim, uma cadeia de problemas que pode ser causada por uma compreensão insuficiente do que é o processo de aprendizagem, do que
necessita o usuário e do que representa a interface usuário/biblioteca.
Neste relatório, os autores procuram identificar alguns pontos relevantes
sobre educação de usuários nas bibliotecas universitárias do Brasil, visando orientar
as discussões do Grupo de Trabalho deste 29 Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias, sobre os aspectos principais.
2. METODOLOGIA
O levantamento foi realizado através de um questionário enviado por
correio às bibliotecas universitárias que constam no cadastro oficial da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior — CAPES.
Algumas imperfeições foram constatadas na estrutura do questionário.
Por erro de gráfica, foi reproduzido o modelo utilizado para o pré-teste, e não o definitivo. Considerando que os erros detectados invalidariam somente as respostas de perguntas consideradas não-básicas para os resultados da pesquisa, o questionário foi,
assim mesmo, utilizado.
3. RESULTADOS E ANÁLISE
Dos 486 formulários enviados, foram recebidas 186 (38,27%) respostas
das quais 55 declararam não desenvolver atividades referentes à pesquisa. Os dados
�obtidos correspondem então a 131 bibliotecas universitárias das quais apenas 42
desenvolvem treinamentos formais.
3.1
Treinamento formal
Para facilitar a análise, foram caracterizados três tipos de treinamento nesta
categoria;
1) cursos integrados ao curríc ulo universitário;
2) cursos independentes oferecidos pela biblioteca;
3) cursos oferecidos por outras bibliotecas/instituições.
3.1.1 Cursos integrados ao curriculum universitário
Foram identificados 26 cursos dos quais 19 (73%) valem c omo crédito
o âmbito universitário. Segundo as informações referentes ao úl t i m o ano em que
oram oferecidos, conclui-se que alguns já foram desativados. Encontram-se nesta cate;ria nove que foram ministrados até 1975-1978.
O surgimento desta atividade data da década de 60 , na qual constam
seis cursos desta natureza. Este fato evidencia um desenvolvimento tardio do treinamento de usuários no Brasil, se comparado com o panorama internacional, como já f o i
observado na introdução.
Nos anos 70, aparecem 14 iniciativas, sendo constatados seis novos cursos a partir de 1980, o que faz prever um grande crescimento nesta década.
A duração dos cursos
(horas/aula) apresentou grande diversificação
(24h até 60 h ) , verificando-se a média de 29 horas.
As aulas destinam-se, preferentemente, aos alunos de graduação
(65,38%) e, em seguida, aos de pós-graduação (34,62%). Verificou-se alguma participação de professores/pesquisadores (97,69%).
3.1.2 Cursos independentes oferecidos pela biblioteca
Foram identificados 28 cursos de independentes que, também, começaram a surgir na década de 60. Da mesma forma que nos cursos integrados, o desenvolvimento não f oi rápido (quatro cursos na década de 60 a 16 na de 70) tendo sido
criados oito novos cursos em 1980, i.e., a metade das iniciativas da década anterior.
�Destas iniciativas, seis foram descontinuadas até o ano de 1978.
horas/aula.
A variação horária é alta (1h até 60h), apresentando uma média de 19
Os cursos destinam-se, preferentemente, aos estudantes de pós-graduação (71,42%), depois aos de graduação (64,28%) e com uma grande participação de
professores/pesquisadores (42,85%).
3.1.3 Cursos oferecidos por outras bibliotecas/instituições
A incidência de cursos oferecidos por outras unidades verificou-se,
apenas, nas bibliotecas que não organizam estes treinamentos a nível interno.
Foram identificados quinze cursos deste tipo dos quais sete sob a responsabilidade da biblioteca central, seis do departamento de biblioteconomia, um de
outra biblioteca setorial e um de outra instituição.
Somente onze dos cursos identificados informaram o número e o tipo
de participantes, em 1979. A soma dos participantes alcança 2.550, o que representa
uma média de 231 por curso. Os principais atingidos foram os estudantes de graduação
(63,64%), seguidos pelos alunos de pós-graduação e professores/pesquisadores, com
18,18% cada grupo.
3.1.4 Pessoal docente dos cursos
Das 42 bibliotecas que oferecem cursos, apenas oito contam com professores de outras áreas e quatro com pessoal do departamento de biblioteconomia. As
restantes promovem seus cursos com o próprio pessoal bibliotecário.
3.1.5 Avaliação dos cursos
A prática de avaliar os cursos (pelos estudantes) foi verificada em
apenas quinze das 42 bibliotecas, i.e., 35,71%.
3.1.6 Problemas encontrados nos cursos oferecidos
As bibliotecas informaram que o problema mais significativo para o
desenvolvimento dos cursos foi a falta de recursos financeiros. Neste ponto coincidem 12 (28,57%) das 42 bibliotecas.
�Os problemas identificados são:
-
Falta de recursos financeiros
Desinteresse dos alunos
Falta de vinculação com faculdades, departamentos, cursos
12( 28, 57%)
10(23,80%)
10 (23,80%)
-
Falta de local adequado
Falta de apoio institucional
Falta de professores
09 (21,42%)
0 7( 16 , 66 %)
0 7( 16 , 66%)
-
Falta de material didático
06 (14,28%)
-
Horário disponível curto
Curso não integrado ao currículo
0 2( 04 , 76 %)
02 (04,76%)
-
Os professores não estimulam os alunos
01 (02,38%)
3.1.7 Razões pelas quais os cursos não f oram oferecidos
Em 60 bibliotecas que responderam a este item, a falta de pessoal especializado apresentou-se como a principal razão, com 31 freqüências.
As razões apontadas são:
— Falta de pessoal especializado
— Bibliotecas em organização
— Desinteresse dos alunos
— Falta de recursos financeiros
— Falta de apoio institucional
— Falta de local adequado
— Não constam no currículo
— Falta de vinculação
— At e ndimen to a outras prioridades
31 (51 66%)
1 2 ( 2 0 ,00%)
0 9 ( 1 5 00%)
0 9 ( 1 5 ,00%)
0 7 ( 1 1 66%)
06 (10 ,00%)
05 (08 ,33%)
03 (05 ,00%)
03 (05 ,00%)
— Horário da biblioteca não coincide com
horário dos cursos
02 (03,33%)
— Desinteresse dos professores
01 (01,66%)
— Biblioteca distante da área de atividades
dos usuários
01 ( 01 , 66 %)
— Falta de pessoal administrativo
01( 01 , 66%)
— Falta da seção de referência
01( 01 , 66%)
— É responsabilidade da biblioteca central
— Falta de material didático
01( 01 , 66%)
01( 01 , 66 %)
�3.2
Treinamento informal
O treinamento informal foi dividido em três tipos: 1) palestras; 2) visitas
orientadas; 3) informação oral personalizada.
3.2.1 Palestras
A prática de treinar usuários através de palestras é desenvolvida por 48
bibliotecas (36,64%). Estas promoveram 292 palestras no decorrer de 1979, uma
média de seis para cada biblioteca.
Segundo os dados oferecidos por 44 bibliotecas, cada palestra atingiu,
em média 29 usuários.
Em 83,33% das bibliotecas, as palestras são dirigidas aos estudantes de
graduação; em 29,16%, aos de pós-graduação; e em 15,27%, aos professores/pesquisadores, existindo bibliotecas que oferecem palestras para vários níveis.
3.2.2 Visitas orientadas
As visitas orientadas são praticadas por 53 (40,45%) bibliotecas, cujos
programas treinaram, em média, 188 usuários por biblioteca, em 1979.
3.2.3 Informação oral personalizada
Em 131 respostas, identificaram-se 109 (83,20%) bibliotecas que oferecem serviços personalizados e 22 (16,80%) que não.
Entre as que desenvolvem esta atividade, verificou-se que 76,14% orientam a normalização de referências, 77,98% ensinam o uso de catálogos e obras de referência e 75,22% ajudam os usuários nos levantamentos bibliográficos. Somente 35,77%
informaram que fornecem orientações sobre aspectos de redação técnico-científica.
O número de usuários atendidos, segundo 69 bibliotecas que conseguiram fornecer estimativas a respeito, alcançou 125.904, o que aponta uma média de
1.824 atendimentos personalizados por biblioteca no decorrer de 1979. Supondo que
as bibliotecas trabalhem somente de segunda a sexta-feira, isto eqüivaleria a dizer que
são realizados quase sete atendimentos por dia.
3.2.4 Bibliotecários de referência
A presença de bibliotecários de referência nas 109 bibliotecas que
�oferecem treinamento informal, foi constatada em 67 (61,47%), sendo que destas, 46
(42,21%) têm pessoal em tempo integral e 21 (19,26%) em tempo parcial.
3.3
Material didático nos treinamentos
Setenta e seis bibliotecas informaram que utilizam algum tipo de material didático nos treinamentos formais e informais. Mais da metade (57,89%) utiliza apostilas, que foram apontadas como o elemento mais popular; em seguida vêm as transparências, com 43,42%.
Apostilas
Transparências
Cartazes didáticos
Slides
Material bibliográfico (obras de
referência etc.)
Fitas gravadas
Quadro de giz
Catálogos
Guia da biblioteca
Video-tapes
Filmes
Instrução programada
Regulamentos
3.4
44
33
25
23
(57,89%)
(43,42%)
(32,89%)
(30,26%)
18
06
05
02
02
02
01
01
01
(23,68%)
(07,89%)
(06,57%)
(02,63%)
(02,63%)
(02,63%)
(01,31%)
(01,31%)
(01,31%)
Estudo de usuários
O estudo de usuários, base de qualquer tipo de treinamento, foi realizado
apenas em 26 (19,84%) das 131 bibliotecas. Cabe também apontar que, das 42 que
desenvolvem cursos, somente 12 (28,57%) realizaram pesquisas desta natureza.
3.5
Percentual estimado de usuários treinados por métodos formais e informais
A média estimada pelos informantes, com relação ao percentual de usuários
treinados, foi:
Alunos de graduação:
Alunos de pós-graduação:
professores/pesquisadores:
48,15%
54,87%
28,28%
�4. DISCUSSÃO
O Brasil não tem demonstrado grande interesse pela inclusão de cursos sobre
4.1
O uso da informação nas atividades universitárias, o que eqüivale dizer que não tem
existido uma conscientização do problema por parte das autoridades e dos bibliotecários. Ainda assim., o surgimento de seis novos cursos integrados ao curríc ulo, durante
os primeiros meses de 1980, que eqüivalem a 42,85% de todas as iniciativas da década
de 70, e de oit o cursos independentes, que eqüivalem a 50% dos cursos da mesma
década, pareceria mostrar uma atitude promissora a respeito. Tal mudança está certamente relacionada corn a proliferação de cursos a nível de pós-graduação (especialização, mestrado, etc. para bibliotecários), e não com modificações do sistema de ensino.
Um out ro fator que poderá justificar esse maior número de iniciativas dos anos 70, é a
característica imitacionista de países em desenvolvimento, uma vez que no final da
década de 60 e início da de 70, verificou-se uma escalada na área de educação de
usuários nos países desenvolvidos (11).
O fato de que os cursos independentes sejam principalmente orientados para
4.2
os estudantes de pós-graduação (71,42%), pode evidenciar que os mesmos surgiram pela
pressão dos interessados que, pela primeira vez, sentiram necessidade de utilizar a
biblioteca, ou por um acompanhamento da tendência elitista dos serviços de informação brasileiros (17). A alta percentagem de cursos disponíveis para professores/pesquisadores (42,85% cursos independentes) testemunha, também, a carência deste grupo.
Considerando que os cursos independentes procuram atingir, indistintamente,
4.3
mais de um nível de alunos (graduação, pós-graduação e professores/pesquisadores)
resulta, obviamente, que os ensinamentos não estão satisfazendo a comunidade universitária. Uma vez que cada grupo em questão apresenta necessidades diferentes, o
conteúdo programático deveria ser diferente. Isto evidencia o desconhecimento das ca
racterísticas específicas dos diversos grupos que formam a comunidade acadêmica, e
também um dedicação insuficiente ao problema da identificação de objetivos de programas educacionais. É provável que o estudante de graduação dispense longas explanações sobre os serviços de recuperação automática da informação existentes no País,
enquanto para o estudante de pós-graduação, este tema poderia ser de grande interesse.
4.4
Considerando que 71,42% das bibliotecas desenvolvem cursos, integrados
ou não, contam apenas com o pessoal bibliotecário para ministrá-los, caberia apontar a
necessidade de que as escolas de biblioteconomia ofereçam subsídios aos seus estudantes para desenvolver mais esta atividade. Dificilmente o bibliotecário universitário que
não freqüentou cursos a nível de pós-graduação, de didática ou de metodologia do
ensino, poderá dispor de bagagem informacional para planejar um curso adequado aos
seus usuários.
�4.5 Recursos financeiros insuficientes, falta de horários adequados e indiferença do corpo docente são reconhecidos, no plano internacional, como os principais empecilhos para a ampliação do número de programas de educação de usuários. Esses
três pontos também foram apresentados como pontos de estrangulamento pelos bíblio
tecários brasileiros, porém não houve consenso no sentido de serem acatados como
problemas principais. Ao contrário, observa-se com referência às razões e problemas
identificados pelos bibliotecários, tanto para a criação de cursos como para cursos já
oferecidos, uma falta de unanimidade considerável.
A falta de unanimidade e a coiocação em segundo lugar do aspecto "desinteresse dos alunos" como problema encontrado nos cursos oferecidos, e do aspecto
"biblioteca em organização" corno razão para o não oferecimento de cursos, pode evidenciar, entre outros, que a análise da problemática é feita de fora para dentro. Em
outras palavras, poucos foram capazes de uma autocrítica preferindo encontrar as
razões da falta ou da inadequação dos programas de educação em elementos estranhos
ao universo bibliotecário. Assim, segundo os bibliotecários, as bibliotecas são locais
onde os usuários satisfazem suas necessidades de informação (isto é a imagem que o
usuário tem da biblioteca é positiva); os cursos correspondem às necessidades e anseios
do usuário etc. Aparentemente, segundo a percepção dos bibliotecários, estes se desdobram pelo usuário que corresponde no nível desejável. Stevenson (16) analisa o problema de um outro ângulo ao comentar que esta visão bibliotecária" reflete na atmosfera
criada durante a orientação (ao usuário) na qual bibliotecários perdem muito tempo e
esforço destrinchando problemas que eles mesmos criaram: seus mistérios profissionais.
Este tempo e esforço poderiam ser melhor utilizados tornando bibliotecas mais fáceis
de usar e compreender" (16).
Os resultados deixam também inferir a existência de uma distorção na
enumeração das prioridades de uma biblioteca universitária, provavelmente como um
reflexo da formação profissional que privilegia a face técnica da biblioteconomia relegando, a um segundo plano, a interface usuário/biblioteca. Torna-se perceptível,
também, o desengajamento da biblioteca universitária do sistema educacional no qual
está inserida. A biblioteca como coração ou espinha dorsal da universidade é uma
visão exclusiva dos bibliotecários não compartilhada, em geral, pela comunidade acadêmica como um todo. Essa desvinculação do sistema educacional por si só já é negativa,
mas o fato de que apenas uma parcela dos bibliotecários percebe esse problema, e de
forma fraccionada (ver item 3.1.6 e 3.1.7), terna mais longínqua uma mudança ou
solução para a intensificação do uso da biblioteca como um meio educacional.
4.6 Segundo dados de Ferreira (5), 83,5% das bibliotecas universitárias têm
insuficiência de pessoal. Este fato foi identificado na pesquisa: 16,66% das bibliotecas
que oferecem cursos apontaram em 69 a falta de professores corno problema para o
�desenvolvimento da atividade, e 51,66% entre 60 que informaram as razões por que
não oferecem cursos, declaram falta de pessoal especializado. Cabe destacar que este
item ocupa o primeiro lugar na lista de razões. Esta percepção de falta de especialização pode ser considerada como positiva se for analisada como um reconhecimento das
deficiências da formação bibliotecária, porém, se analisada sob o aspecto de desengajamento do sistema educacional, torna-se uma consideração negativa. A formação profissional, na maioria dos casos, foi deficiente, mas fica novamente patente o isolamento
da biblioteca universitária do sistema educacional, pois, no caso de falta de especialização, o entrosamento, ou a elaboração conjunta de programas de educação de usuários
com o departamento ou centro de educação, seria uma solução perfeitamente viável.
Argumentos do tipo "falta de apoio institucional" ou "desinteresse dos professores"
não justificam a falta de pessoal especializado, particularmente após a Reforma Universitária.
4.7 Com referência aos problemas identificados pelo pessoal bibliotecário, nos
cursos oferecidos, a maior concentração (28,57%) coincidiu no ponto referente à
falta de recursos financeiros, o qual não se justifica, pois foi verificado que, apenas,
14,28% apontaram o item correlato, a falta de material didático. Não há dúvida de
que as bibliotecas universitárias carecem de recursos financeiros adequados, no entanto, a carência de recursos como justificativa pela não realização de programas de educação de usuários oculta, na realidade, a inversão de prioridades no planejamento das
atividades de uma biblioteca. Geralmente, alocam-se primeiro verbas para pessoal de
processos técnicos e para acervo, depois, se ainda houver verbas, cogita-se na aplicação de recursos para bibliotecários de referência e/ou programas de educação de
usuários.
O segundo problema prioritário foi o desinteresse dos alunos, que pode ser
explicado:
a) pela inadequação dos programas, uma vez que estes são raramente precedidos de um estudo para determinar as necessidades de formação de usuários e, poucas
vezes avaliados para possíveis remodelações dos programas;
b) pelo fato de um mesmo curso, em vários casos, ser dirigido indistintamente
a grupos heterogêneos de usuários (graduação, pós-graduação, professores);
c) principalmente pelo item apontado por apenas um dos respondentes "os
professores não estimulam os alunos", decorrência do sistema de ensino vigente no
Brasil.
4.8 A diversidade de respostas que 60 bibliotecas oferecem sobre as razões por
que não têm cursos, e que 42 bibliotecas oferecem sobre os problemas encontrados,
reforça a idéia de que a problemática do sistema de ensino não é plenamente avaliada.
�Tudo indica que uma das razões fundamentais pela falta de interesse, por parte do corpo discente e docente, no uso da biblioteca, é o sistema de ensino que não estimula a
independência e a criatividade do educando (sendo um bom exemplo os próprios cursos de biblioteconomia). Este fato não surpreende visto que não há interesse em
formar "indivíduos com uma responsabilidade social que questionem e critique o sistema vigente". (7) Uma comunidade estudantil pressionada na utilização da informação teria, de fato, reagido com pressões geradoras de soluções.
4.9 As palestras e as visitas orientadas alcançaram maior popularidade que os cursos, obviamente, por não necessitar de uma infra-estrutura sofisticada. Essa popularidade demonstra também um desconhecimento da literatura especializada que apresenta
várias críticas quanto a esses tipos de orientação ao usuário (6,11). Apesar das críticas,
toda iniciativa deve ser louvada, pois demonstra um reconhecimento, mesmo que parcial, do problema e, portanto, é entristecedor que nem 50% das bibliotecas realizem
essas atividades.
As causas de não desenvolverem programas de palestras e/ou visitas orientadas
não são muito claras. Tratar-se-ia apenas de um problema de desinteresse do próprio
pessoal bibliotecário mais voltado, pela sua formação, aos processos técnicos.
4.10 A informação oral personalizada foi a modalidade mais freqüente entre todas
as formas de treinamento coincidindo, também, com o fato de ser a mais passiva. O
bibliotecário, em lugar de "vender seu produto", prefere esperar a freguesia. Trata-se,
na verdade, de um problema de filosofia da biblioteconomia, pois a divulgação, o "movimento para fora" das bibliotecas, não deveria ser visto apenas dentro do contexto de
um programa de atividades. Taylor, citado por Stevenson (16), sugere que a biblioteca
não seja vista como um local, mas como um processo, onde a armazenagem de documentos é uma fase do processo, e, mais ainda, que bibliotecários passem tanto tempo
fora da biblioteca quanto dentro dela, por ser a biblioteca uma forma importante de
comunicação. É nesse sentido que o movimento para fora deixa de ser meramente uma
atividade, para fazer parte da filosofia da biblioteconomia. Além deste problema, verifica-se que, das 109 bibliotecas, 46 têm bibliotecário de referência em tempo integral,
e 2 1 , em tempo parcial. Eqüivale dizer que, em 42 bibliotecas, i.e. 38,53%, as orientações são oferecidas por pessoal não especializado na função.
4.11 As apostilas, utilizadas por mais de 50% das bibliotecas nos seus treinamentos
formais e informais, deveriam ser, justamente, o material didático menos empregado
para atingir usuários que os próprios bibliotecários caracterizam como "desinteressados
e sem hábitos de leitura". Esta preferência por apostilas pode refletir as deficiência na
formação profissional do bibliotecário que prepara essencialmente técnicos em processamento da informação e não educadores de usuários ou especialistas em referência.
Daí decorre o desconhecimento dos métodos didáticos alternativos e do processo de
�aprendizado pois já é consenso que o aprendizado de técnicas (no caso do usuário
técnicas de recuperação e registro da informação) obtém mais sucesso se realizado de
forma prática (6). O que significa dizer que um estudante apreenderá mais consistentemente estas técnicas se o aprendizado for efetuado com base em uma situação reai,
p.ex.. um trabalho solicitado por um professor que envolva busca de informações. Este
método didático traz consigo uma grande vantagem, a necessidade de cooperação do
corpo docente, e, desta forma, auxiliar na utilização da biblioteca como um meio edu
cacional
4.12 A baixa percentagem de cursos avaliados pelos próprios participantes
(35,71%) evidencia que quase 65% dos cursos não foram revisados ou modificados. A
falta de uma retroalimentação adequada não permite ajustes coerentes, e traduz a dificuldade de aumentar o grau de interesse e satisfação dos participantes.
Os poucos programas que realizaram alguma forma de avaliação (de acordo
com modelos recebidos em anexo ao questionário) não se preocuparam em avaliar se
os objetivos do programa foram alcançados. (Aliás, nem todos os programas se preocuparam em estabelecer objetivos, componentes indispensáveis do processo de avaliação).
Os modelos de avaliação recebidos referem-se ao funcionamento do programa com
perguntas, tais como: o curso foi relevante para você? O material didático distribuído
foi suficiente?
0 número reduzido de instituições que realizaram avaliações e o tipo de
avaliação mais freqüentemente utilizado deixam supor que o planejamento de um programa de educação de usuários não é efetuado no seu todo, uma vez que avaliação faz
parte do planejamento de um programa educacional. Essa lacuna pode ser atribuída,
novamente, às deficiências da formação profissional e ao desconhecimento do que
abrange o processo educacional.
É importante ressaltar que a avaliação de programas de educação de usuários é
uma espinhosa (6,8,12), pois, até hoje, não foi possível provar a eficiência dos programas, |á que ainda não se sabe se "o conhecimento sobre bibliotecas e a aptidão em
usá-las fazem alguma diferença para alguém - para alguém exceto bibliotecários. (3)
4.13 0 oroblema acima mencionado se agrava quando se torna conhecido que os
cursos são elaborados baseados em pressupostos, como o que bibliotecário pensa ser
necessário ou de interesse para o usuário. 0 fato de, apenas, 19,84% das bibliotecas
conhecerem seus usuários demonstra que os esforços realizados até agora pouco contribuíram para o alcance das metas. Muitos formulários tiveram, em anexo a este item,
a informação de que desconheciam as técnicas para realizar um estudo de usuários.
Novamente o fator "formação" do pessoal bibliotecário, nos seus moldes atuais, é
motivado de crítica. Certamente, apenas aqueles que freqüentaram cursos de pós-
�graduação, de especialização ou que acumularam grande experiência profissional, tiveram oportunidade de se familiarizar com estas técnicas.
4.14 Segundo dados dos próprios informantes, as diversas modalidades de treina
mento (formal e informal) teriam atingido 48,15% dos alunos de graduação. Os dados
fornecidos, por se tratar de estimativas, parecem ser quantitativamente mais altos que
os dados reais, pela tendência natural que existe de aumentar cifras quando estas são
estimadas. Outra interpretação possível seria a de que a mesma pessoa seja computada
no treinamento formal e no inf ormal, podendo, uma mesma pessoa, ser relacionada
para fins estatísticos, várias vezes. Embora esta ressalva seja válida, sabendo-se que as
universidades abrigam hoje um contingente de 1.500.000 estudantes, caberia perguntar.
Que acontece com os 777.750 restantes?
Que acontece com 45,13% dos estudantes de pós-graduação que não foram
treinados no primeiro, no segundo e nem no terceiro grau?
Que acontece com 71,72% de pesquisadores/professores que nunca foram in
formados sobre com o utilizai a informação 7
4.15 As cartas anexadas aos questionários, assim como informações adicionais inse
ridas nos mesmos, evidenciaram uma atitude "defensiva'' dos bibliotecáiios para justifi
car a situação. Esta atitude, porém, não esteve seguida de um processo analítico e deci
sório. Poucas vezes a justificativa f oi acompanhada de soluções, ou ainda, de uma aná
lise mais profunda da problemática.
5. CONCLUSÕES
• 0 programa atual de formação de bibiiotecáros não fornece subsídios
para olanejar e desenvolver estudos e educação de usuários.
•
«
O estudo de comunidades de usuários não constitui, embota devesse
constituir uma base para o planejamento de serviços e de educação de usuários
• A insuficiência de pessoal, somada ao fato de que anualmente aumenta
o contingente de usuários ootenciais que não recebem treinamento e nem adquiriram
hábitos de leitura nos degraus acadêmicos anteriores, dificulta a atuação dos bibliotecários j un to aos usuários.
•
n
A insuficiência citada provoca, também, situações nas quais os usuários
ão são informados ou orientados por pessoal especializado
�• Os bibliotecários têm adotado uma atitude passiva frente à informação,
o que os marginaliza do processo decisório.
estrutura do ensino universitário não favorece o desenvolvimento dos
programas bibliotecários nem estimula a utilização dos recursos informacionais.
• Tanto bibliotecários como a comunidade acadêmica conceitualizam, na
prática, a biblioteca universitária como um elemento passivo de apoio e não como um
componente ativo e integrante do processo educacional.
�B I B L I O G R A F I A
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�
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
SNBU - Edição: 02 - Ano: 1981 (Brasília/DF)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Bibliotecas Universitárias
Description
An account of the resource
Tema: Avaliação do desempenho da biblioteca universitária no Brasil.
Publisher
An entity responsible for making the resource available
CAPES
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
1981
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Brasília (Distrito Federal)
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
SNBU - Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
Event
A non-persistent, time-based occurrence. Metadata for an event provides descriptive information that is the basis for discovery of the purpose, location, duration, and responsible agents associated with an event. Examples include an exhibition, webcast, conference, workshop, open day, performance, battle, trial, wedding, tea party, conflagration.
Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Educação de usuários em bibliotecas universitárias. (Grupos de Trabalho - Documentos básicos e relatórios)
Creator
An entity primarily responsible for making the resource
Nocetti, Milton A.
Schleyer, Judith Rebeca
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
Brasília (Distrito Federal)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
CAPES
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
1981
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Description
An account of the resource
Apresenta os resultados de um levantamento realizado junto as bibliotecas universitárias brasileiras, referente á educação de usuários. Identifica as falhas estruturais e conceituais do contexto e propõe tópicos de discussão.
Language
A language of the resource
pt
snbu1981