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GESTÃO DE COLEÇÕES E SEUS REFLEXOS EM OUTROS FAZERES DA
BIBLIOTECONOMIA: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS ACERCA DOS PROCESSOS DE
FORMAR E DESENVOLVER COLEÇÕES
1 INTRODUÇÃO
O crescimento desenfreado da indústria editorial, após a invenção da imprensa e,
aliado ao desenvolvimento de novos suportes de informação, a partir da revolução
tecnológica, fizeram nascer novas inquietações no que tange ao fazer bibliotecário. Essas
transformações repercutiram, sobremaneira, na forma como as coleções que formam os
acervos bibliográficos deviam ser formadas e desenvolvidas.
Assim, o desenvolvimento de coleções, embora sempre existisse, apresentava-se, no
decorrer dos séculos, como de forma um tanto obscura, não tendo especial atenção por
parte de gestores de bibliotecas. As atividades bibliotecárias centravam-se na preservação e
no tratamento das coleções bibliográficas. Hoje, a aparência dos processos de formar e
desenvolver coleções transfigurou-se, tornando uma função da biblioteca de extrema
importância assim como são os outros fazeres.
De acordo com o contexto de muitas bibliotecas e, tendo como base as reflexões de
Mendonça e Maciel (2006), o desenvolvimento de coleções está atrelado às outras funções
da biblioteca, assumindo uma relação conjunta em meio às funções de organização da
informação, dinamização de coleções e das funções gerenciais. Isso nos permite confirmar
que os processos de trabalho de uma unidade de informação, na atualidade, são
dependentes entre si. Portanto, o desenvolvimento de coleções, considerado como o
despertar para o planejamento de recursos informacionais (VERGUEIRO, 1993) interfere no
funcionamento das demais atividades bibliotecárias a serem realizadas pelas bibliotecas.
A fim de confirmar essa percepção acerca da importância e abrangência do
desenvolvimento de coleções nos últimos tempos, foi investigada a percepção dos alunos
finalistas do curso de Biblioteconomia de uma universidade, a respeito do que consideravam
sobre o desenvolvimento de coleções, antes de terem cursados a disciplina intitulada
“Formação e Desenvolvimento de Coleções (FDC)”.
Assim, este estudo objetiva analisar a percepção dos alunos de uma turma finalista do
Curso de biblioteconomia em relação às características e funcionalidades das práticas de
formar e desenvolver coleção.
Partiu-se do pressuposto de que, mesmo não tendo cursado a disciplina, os alunos já
teriam uma visão preliminar da importância dos processos de FDC. Isso porque, certamente,
outras disciplinas já mencionaram os fatores que interferem no desenvolvimento desta área,
como: explosão bibliográfica, a qualidade dos acervos e a atenção prestada aos usuários.
Além disso, acreditamos que, a realização de estágios no decorrer do curso, certamente
viabilizou nos alunos uma visão preliminar acerca desse processo.
2 MÉTODO DA PESQUISA
A fim de obter um conhecimento prévio sobre as percepções dos alunos em relação ao
processo de FDC foi aplicado questionário, nas primeiras aulas da disciplina em foco. O
instrumento de pesquisa foi estruturado contendo seis perguntas fechadas e aplicadas aos
23 integrantes da turma, todos alunos de Biblioteconomia, em período final de curso.
As perguntas foram formuladas com o intuito de analisar, em linhas gerais, as
atividades de FDC, o fator qualidade, a abrangência do processo, a política e a importância e
�necessidade conferida ao processo de FDC. Os questionários foram respondidos de forma
instantânea, nos primeiros dias de aula da disciplina aqui analisada.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Formar e desenvolver coleções requer uma somatória de atividades que, atreladas a
competências específicas proporcionarão êxitos aos processos de trabalho (VERGUEIRO,
2010). Essa afirmação caracteriza as atividades de FDC como um processo, ou seja,
conforme Miranda (2007), as atividades relacionadas a esse fazer estão atreladas e repetemse mutuamente, o que garante constante atuação nas coleções bibliográficas.
A esse respeito, a pesquisa confirma essa discussão teórica, pois dezesseis alunos
(69,6%) consideram essas atividades como processuais. Para seis alunos (26%), as
atividades de FDC são caracterizadas como competências, e, apenas um respondente
considerou-as como tarefas (Gráfico 1). Quanto às características das coleções ou fatores
que condicionam maior visibilidade e valor ao acervo, observou-se, conforme resposta
advinda dos questionários respondidos que, todos (100%) entendem a qualidade do acervo
como o principal fator para a visibilidade das coleções (Gráfico 2). Nesse enfoque, Vergueiro
(2002) amplia a discussão e considera a qualidade como uma das principais exigências do
mundo moderno, tendo em vista proporcionar satisfação e fidelização da clientela.
um processo
uma tarefa
qualidade das
coleções
um compromisso
uma
competência
quantidade de
itens existente
Gráfico 1 – Características das atividades de FDC Gráfico 2 – Fator determinante na visibilidade do acervo
Fonte: o autor (2015).
Fonte: o autor (2015).
Segundo Miranda (2007, p. 1), as atividades inseridas no processo de FDC, a fim de
serem bem gerenciadas, requer a aplicação de normas, tendo em vista nortear o trabalho do
bibliotecário, oferecendo-lhe segurança nas decisões tomadas, além de viabilizar
uniformidade das ações realizadas. A referida autora discorre acerca desse documento,
mencionando que seu objetivo maior é orientar a tomada de decisão, com vistas a “[...]
determinar a conveniência de se adquirir, manter e descartar coleções [...]”.
De modo geral, os sujeitos desta pesquisa concordam com as reflexões supracitadas.
Analisando a percepção dos alunos sobre a importância da política, obteve-se que 16 alunos
(69,6%) consideram-na importante, pois viabiliza respaldo legal ao profissional, enquanto que
para sete sujeitos (30,5%), essa importância refere-se ao fato de ela padronizar as atividades
(Gráfico 3).
A partir do crescimento da literatura e do foco na qualidade, as coleções passaram a
ser gerenciadas, surgindo na literatura diferentes visões a respeito de métodos de gestão
(modelos teóricos) (VERGUEIRO, 1993). A quarta pergunta do questionário investigou quais
dos três principais modelos1 eram mais apropriados à efetiva gestão de coleções. A maioria,
19 alunos (82,7%) consideraram Evans (modelo holístico/sistêmico), enquanto que para
quatro (17,3%) depende da modalidade de biblioteca e do contexto em que ela está inserida
(Gráfico 4). Embora Vergueiro (1993) não indicou em quais bibliotecas os modelos se
1
Antes dos alunos responderem essa questão, foi explicado em sala as principais características dos modelos
teóricos para gestão de coleções, conforme mencionado na Literatura Internacional e discorrido por Vergueiro
(1993).
�adequavam, inferimos, com base nas características de cada um, que, devido às rápidas
transformações do mundo moderno e da sociedade em que vivemos, o modelo holístico,
devido a sua abrangência e interação entre todos os elementos que perfazem o processo de
FDC e do relacionamento que possui com o meio externo, torna-se mais adequado ao novo
contexto.
Evans
padroniza os
processos de
trabalho
oferce respaldo
legal ao trabalho
do profissional
torna as
atividades mais
dinâmicas
Gráfico 3 – Importância da política de FDC
Fonte: o autor (2015).
Baugman
Modelo
hierárquico
nenhum deles
irá depender do
tipo de unidade
de informação
Gráfico 4 – Modelo teórico e a gestão das coleções
Fonte: o autor (2015).
Os respondentes consideram essa abrangência do Modelo de Evans como fator
decisivo para a gestão da unidade de informação. Essa forma de gestão proporciona maior
flexibilidade e inovação ao trabalho do gestor. Constatamos essa afirmação, a partir da
quinta pergunta, em que a maioria dos respondentes, vinte alunos (87%) considera esse
modelo adequado para todas as bibliotecas. Já para três alunos (13%), o modelo adentra-se
às bibliotecas universitárias (Gráfico 5). Talvez, essa percepção se deva pelo fato dessas
unidades apresentarem diversidade de públicos a que atendem, intenso trabalho de pesquisa
e interação com outras unidades (MIRANDA, 2007).
pública
universitária/aca
dêmica
escolar
especializada
todas
Gráfico 5 – Modelo de Evans e as unidades
Fonte: o autor (2015).
falta de espaço
físico
por viabilizar
qualidade às
coleções
economizar
recursos
organizacionais
Gráfico 6 – Necessidade do processo de FDC
Fonte: o autor (2015).
A fim de finalizar a pesquisa, indagou-se a respeito da necessidade e importância de se
formar e desenvolver uma coleção. Para 43,4% (dez pessoas), é necessário realizar os
processos de FDC a fim de economizar recursos organizacionais. Já para a maioria, 56,6%
(treze respondentes), faz-se necessário os serviços de FDC em face de gerenciar um acervo
de qualidade para a comunidade usuária (Gráfico 6).
Nesse enfoque, é possível entender que as instituições e serviços de informação
devem ter em mente a prestação da qualidade e excelência naquilo que é oferecido, haja
vista, satisfazer as expectativas e desejos da comunidade servida (VERGUEIRO, 2010). De
qualquer forma, esses dados permitem-nos inferir que os alunos percebem a necessidade de
qualificar os serviços e produtos oferecidos nas bibliotecas. Logo, o processo de FDC
contribui nessa empreitada, gerenciando a coleção de forma efetiva, por conseguinte,
melhorando continuamente os processos de trabalho, no intuito de atingir a excelência na
oferta de informações.
�4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo é possível concluir que os alunos do Curso de Biblioteconomia
investigados, mesmo antes de cursarem a disciplina específica de FDC já possuíam um
conhecimento preliminar a respeito da importância, viabilidade e necessidade que as práticas
de formar e desenvolver coleção exercem nas bibliotecas. Isso talvez se justifique, pelo fato
dessa disciplina estar relacionada com outras disciplinas cursadas ao longo do curso, como
Representação da Informação, História do Livro, dentre outras similares. A temática da
qualidade é um fator que instiga a sociedade em geral, e as bibliotecas não podem
menosprezar essa tendência, tornando-se a cada dia, mais dinâmica, inovadora e
competitiva. Assim, nota-se que o objetivo geral da pesquisa foi alcançado e que boa parte
da hipótese de pesquisa também foi confirmada.
Em linhas gerais, os resultados apontam que a gestão de coleções é refletida em outros
fazeres realizados pela biblioteca. Constata-se a percepção dos discentes quanto à
interferência dos processos de FDC no que diz respeito à gestão dos produtos e serviços, à
integração das atividades realizadas na unidade, o papel de segurança que as políticas de
informação podem fornecer, e, principalmente, a qualificação na prestação de produtos e
serviços biblioteconômicos.
REFERÊNCIAS
MACIEL, Alba Costa; MENDONÇA, Marília Alvarenga Rocha. Bibliotecas como
organizações. Rio de Janeiro: Interciência; Niterói: Intertexto, 2006.
MIRANDA, Ana Cláudia Carvalho de. Desenvolvimento de coleções em bibliotecas
universitárias. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, v.
4, n. 2, p. 1-19, jan./jun. 2007. Disponível em: < http://www.sbu.unicamp.br/seer/oj
s/index.php/rbci/article/view/367/246>. Acesso em: 10 mar. 2015.
VERGUEIRO, Waldomiro. Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o
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13-21. jan./abr. 1993. Disponível em: <http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article
/viewFile/1208/849>. Acesso em: 15 abr. 2014.
______. Qualidade em serviços de informação. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.
______. Seleção de materiais de informação: princípios e técnicas. 3. ed. Brasília, DF:
Briquet de Lemos, 2010.
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Title
A name given to the resource
CBBD - Edição: 26 - Ano: 2015 (São Paulo/SP)
Subject
The topic of the resource
Biblioteconomia
Documentação
Ciência da Informação
Publisher
An entity responsible for making the resource available
FEBAB
Date
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2015
Language
A language of the resource
Português
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
São Paulo/SP
Event
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Dublin Core
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Title
A name given to the resource
Gestão de coleções e seus reflexos em outros fazeres da biblioteconomia: a percepção dos alunos acerca dos processos de formar e desenvolver coleções
Creator
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Coverage
The spatial or temporal topic of the resource, the spatial applicability of the resource, or the jurisdiction under which the resource is relevant
São Paulo (São Paulo)
Publisher
An entity responsible for making the resource available
FEBAB
Date
A point or period of time associated with an event in the lifecycle of the resource
2015
Type
The nature or genre of the resource
Evento
Subject
The topic of the resource
Administração de biblioteca
Desenvolvimento de coleções
Description
An account of the resource
O crescimento desenfreado da indústria editorial, após a invenção da imprensa e, aliado ao desenvolvimento de novos suportes de informação, a partir da revolução tecnológica, fizeram nascer novas inquietações no que tange ao fazer bibliotecário. Essas transformações repercutiram, sobremaneira, na forma como as coleções que formam os acervos bibliográficos deviam ser formadas e desenvolvidas. Assim, o desenvolvimento de coleções, embora sempre existisse, apresentava-se, no decorrer dos séculos, como de forma um tanto obscura, não tendo especial atenção por parte de gestores de bibliotecas. As atividades bibliotecárias centravam-se na preservação e no tratamento das coleções bibliográficas. Hoje, a aparência dos processos de formar e desenvolver coleções transfigurou-se, tornando uma função da biblioteca de extrema importância assim como são os outros fazeres.
Language
A language of the resource
pt
cbbd2015